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Segunda, 05 Novembro 2018 15:43

DIVISOR DE ÁGUAS

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DIVISOR DE ÁGUAS

“Irmão Saulo..” (At 9.17)

 

O livro de Atos dos Apóstolos apresenta os registros dos acontecimentos após a crucificação, morte e ressureição de Cristo. Traz de forma reduzida o estabelecimento da igreja, suas primeiras dificuldades, os personagens que contribuíram para a expansão da fé cristã e mostra a consolidação das comunidades cristãs nas diversas cidades do mundo de então.

O versículo acima está no contexto da conversão de Saulo, então aluno de Gamaliel, um doutor da lei mosaica. Saulo tinha os seguidores de Cristo como inimigos capitais do judaísmo e com essa mentalidade em neutralizar os novos cristãos, ele recebia ordens dos sacerdotes judaicos para ir de cidade em cidade e onde achasse cristãos, tinha autorização para prender e torturar. Pode-se dizer que Saulo impunha o terror. Numa dessas viagens, ele teve um encontro com Cristo, se converteu e Ananias, cristão residente em Damasco, recebeu de Deus ordens para orar e impor as mãos sobre Saulo (At 9.1-18).

Os conflitos pessoais andam de mãos dadas com o homem e do nascimento à morte, certamente que ele passará por situações conflituosas. Desde os pequenos aborrecimentos familiares até outros de maior complexidade, é certo que estes desacertos fazem parte da vida de cada um. Há conflitos que são facilmente resolvidos, mas existem aqueles que duram anos e trazem junto o medo, a separação e os rancores ocupando o coração e criando as doenças da alma.

Entenda bem que Ananias não conhecia Paulo pessoalmente, certamente tinha escutado sobre o que diziam dele, ou seja, sabia das informações que corriam de boca a boca que Paulo era inimigo do cristianismo e tinha ordem dos sacerdotes judaicos para oprimir quem confessasse a fé em Cristo. Era evidente que o cristão Ananias nutria receio e medo de Paulo, afinal, a fama de Paulo não era das melhores. Esse era o conflito de Ananias.

Saiba que na mente humana transita um turbilhão de pensamentos. Logicamente que algumas pessoas possuem bons pensamentos, capazes de fazer o bem, capazes de trazer paz, mas existem aqueles que não agem assim, suas mentes maquinam o mal e são incapazes de praticar o bem. Certamente que até o momento da conversão de Paulo, sua mente projetava o mal contra quem se proclamasse seguidor de Cristo.

Assim, antes da conversão de Paulo, pode-se afirmar com muita certeza que ele tinha uma mente maligna. Lembre-se que Lucas fez menção ao nome de Paulo no livro de Atos quando Estevão foi morto por apedrejamento e ele se encontrava presente, assistindo a cena (At 7.58). Ainda sobre seu sentimento maligno, o próprio Paulo cita que seu passado não era nada legal, mas bastou um encontro com Jesus para mudar seu coração e levar uma vida voltada à prática do bem (Fp 3.6; At 9.1-17). Sem Cristo, praticava o mal e com Cristo, promoveu o bem. Reflita isso!

Compreenda que o homem sempre encontrou dificuldades para tratar com o inimigo, qualquer que seja ele. Desde os conflitos pessoais devido às preferências de ordem política, passando aos conflitos familiares e chegando mesmo no conflito com si mesmo, o homem esbarra na possibilidade de perdoar. Visões políticas diferentes é caso de ofensas e até de ataques físicos, pensamentos discordantes no seio da família são motivos mais que suficientes para dias sem olhar no rosto do parente e nem mesmo profissionais da área da psicologia conseguem evitar casos de doenças onde o problema do indivíduo está dentro de si mesmo. Pense!

Paulo era inimigo e certamente era visto por Ananias como aquele que tinha poder para matar quem assumisse a fé em Cristo, mas entenda que com todo este currículo de maldade, Ananias não teve medo de ir ao seu encontro. Bastou a Ananias receber a ordem do Pai, confiar em Deus e fazer aquilo que lhe fora determinado.

Atente que Ananias estava indo numa missão para orar pelo mais bravo inimigo dos cristãos. Paulo era aquele que abertamente se dizia perseguidor, que ia atrás dos cristãos e quando os achava, os fazia blasfemar, inclusive em cidades estranhas (1 Tm 1.13; At 22.4; At 26.11). Noutras palavras, a título de comparação com os dias atuais, era como se um torcedor do Corinthians fosse visitar um torcedor do Palmeiras, devidamente uniformizado com a camiseta do time. Pense na situação que Ananias iria passar!

“Irmão Saulo..” (At 9.17).  Não está escrito, mas implicitamente nesta curta frase está uma das maiores manifestações de perdão em toda a Bíblia. O incrível é que Ananias não somente foi como orou por Paulo com imposição de mãos  e ainda o cumprimentou chamando-o de irmão. Era o oprimido chamando o opressor de irmão (At 9.17). Saiba que no exato momento em que Ananias, então receoso com o chamado de Deus, liberou o perdão a Paulo, foi a alavanca que este mesmo Paulo recebeu para dar início aos propósitos do Pai. Havia  a necessidade de Paulo ser perdoado, lembre-se disso!

Atente que depois disso nunca mais se ouviu falar de Ananias, nem mesmo algum registro especial no Novo Testamento foi realizado, mas o seu perdão foi o divisor de águas na vida de Paulo. Resumindo, o perdão não mudou o passado de Paulo, mas alavancou o seu futuro e fez um bem extraordinário aos dois. Creia nisso, amém?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 2202 vezes Última modificação em Sexta, 09 Novembro 2018 13:43