Segunda, 26 Novembro 2018 12:59

FLORES E CHOCOLATES

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FLORES E CHOCOLATES

“Então Elcana, seu marido, lhe perguntou: Ana, por que choras? e porque não comes? e por que está triste o teu coração? Não te sou eu melhor de que dez filhos?” (1 Sm 1.8) 

 

Não há consenso entre os estudiosos de quem seja o autor dos dois livros de Samuel, mas as evidências apontam que o próprio profeta Samuel escreveu trechos dos livros até sua morte e depois o profeta Natã registrou as demais partes. Saiba que outrora todo o livro de Samuel constituía um só volume, mas foi separado em dois volumes pelos rabinos que fizeram a tradução das Sagradas escrituras do hebraico para o grego (Septuaginta) como forma de facilitar a leitura. O primeiro livro apresenta as histórias do profeta Samuel, a vida do rei Saul e os primeiros anos da vida do rei Davi.

Com raríssimas exceções todas as pessoas vivenciaram um drama ou já passaram por situações consideradas como dramáticas. Difícil imaginar uma pessoa que não tenha enfrentado algo que o incomodou a ponto de não ser compreendido por familiares e nem por pessoas mais próximas. Aliás, nos dias de hoje não é preciso muito para vivenciar uma situação complexa, basta apenas estar vivo.

A história de Ana mostra que ela desejava ter um filho, era casada e seu marido tinha também outra mulher de nome Penina (1 Sm 1.2). Ana não conseguia engravidar, enquanto Penina tinha filhos e provocava Ana por ela não gerar. Neste contexto é fácil perceber que Ana vivenciava uma situação dramática, e dentro daquele ambiente familiar, o tempo passava e nada de uma gravidez para alegrar o seu coração. Pode-se imaginar que ela sofria em silêncio diante de toda aquela situação.

Embora nos ambientes familiares predominem relações de afeto e carinho entre seus integrantes, nem sempre é fácil detectar que algum membro esteja enfrentando uma situação ruim. Existem casos de pessoas sofrendo angústias por anos a fio, sem que ninguém, nem mesmo um familiar atente para sua situação. Esse era o caso de Ana, que via Penina dar a luz e talvez até ajudasse nos partos, mas sofria não sendo mãe e certamente que isso era causa de sua angústia.

“Ana, por que choras? e porque não comes? e por que está triste o teu coração? Não te sou eu melhor de que dez filhos?” (1 Sm 1.8). Diante da tristeza de Ana, essa frase foi o questionamento de Elcana, o seu marido. Conhecia aquela mulher, viviam juntos no mesmo ambiente, mas se mostrou incapaz de detectar aquilo que mais afligia sua esposa. Preferiu dizer que ele era melhor que o filho que ela desejava, ou seja, Elcana não soube entender a dor que existia no coração de sua mulher.

Transporte essa situação para os dias de hoje e veja que grande parte das vezes, as pessoas preferem dar um presente a quem está passando por situações dramáticas do que efetivamente compreender de fato o que está se passando. Assim, presentes como flores, chocolates, gravatas, cremes e perfumes se mostram como o carro chefe de mimos ofertados para diminuir as dores de quem está vivenciando o caos em vida. Presentes são bons a qualquer tempo e todos gostam de ganhar, mas compreenda que o coração tem suas próprias exigências que não podem ser resolvidas com caixas de chocolates e nem perfumes de marcas. Guarde isso!  

Hoje muitas pessoas convivem em situação de completo caos. Sofrem com as doenças da alma que ninguém vê e nem percebe, são demandas que brotam do coração e somente quem vivencia a dor, pode mensurar o peso que ela tem para gerar tristeza e angústia. Esse era o caso de Ana que sofria intimamente a dor de não ser mãe e, infelizmente, seu marido não compreendia seu drama. Ele até via a tristeza de sua mulher, mas não conseguia identificar de onde ela se originava e para minimizar, dizia que ele era melhor que dez filhos. Pense!

Mesmo dentro do espaço familiar, entenda que nem sempre existem pessoas hábeis para detectar situações vividas pelo outro. Atente que grande parte das vezes, os familiares optam por deixar que o tempo cure o doente, quando na verdade é justamente o tempo que se torna o grande inimigo, potencializando a ação da angústia e aumentando a crise.  Aproximar-se da pessoa, ganhar sua confiança e conhecer as causas da sua dor é o caminho para a cura. Reflita isso para ajudar outras pessoas!

Entenda hoje e sempre que ofertar presentes é uma atitude louvável e deve ser realizada sim, todavia, mais que os mimos que são dados em caixas coloridas e bonitas, lembre-se que conhecer a linguagem do coração de quem está angustiado e se dispor a ouvir, continua sendo o melhor presente. Saiba disso!

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

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