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Segunda, 17 Dezembro 2018 14:08

HOLOFOTES

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HOLOFOTES

“...por que estais olhando para nós, como se tivéssemos feito este homem andar por nosso próprio poder ou santidade?” (At 3.12)

 

O livro de Atos dos Apóstolos bem que poderia ser nominado de Livro de Pedro e Paulo, tal a quantidade de informações sobre estes dois personagens registradas e compiladas por Lucas. A narrativa de Atos deixa entendido que se trata da continuação do terceiro evangelho (Lucas), notadamente por ser dirigido ao mesmo personagem (Teófilo), o que conduz ao entendimento de um mesmo autor que realizou os dois documentos (At.1.1-2; Lc.1.1-3).

Historicamente o livro de Atos apresenta a igreja primitiva, perseguida pelos judeus e pelo Império Romano que a acusava de ser uma religião ilegal. Sofria ainda com divisões e facções internas, além da presença de falsos mestres que ameaçavam os integrantes da igreja. Noutra palavras, o início foi marcado por muitos ataques. Pense!

O versículo acima está no final e dentro do contexto da cura de um homem que estava na entrada do templo em Jerusalém. Pedro e João foram usados por Deus para operar este milagre que causou muita admiração aos que conheciam o então aleijado e depois o viram correndo e pulando (At 3.1-12).

Veja que uma das coisas que mais agrada ao homem é ser reconhecido entre seus pares, isso é notório. E com o uso das redes sociais, muitos são reconhecidos até mesmo por aqueles que nunca viram, basta ver as celebridades que são seguidas on line em tudo o que fazem por quem jamais irão conhecer. Evidente que o reconhecimento público e os elogios é algo que massageia o ego, traz brilhos aos olhos e faz abrir um largo sorriso no rosto de quem é reconhecido, ou seja, ser reconhecido é implícito ao homem.

Perceba que o cenário desta narrativa estava poucos anos após a ressureição de Cristo e era visível que os comentários sobre quem foi Jesus e para onde andavam os seus discípulos ainda estavam frescos na memória daquele povo. E foi nesta atmosfera que  Pedro e João se tornaram instrumentos nas mãos de Deus para não só curar o homem que era aleijado há muitos anos, mas para consolidar a notícia que o próprio Cristo deixou registrada: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos” (Mt 28. 20).

Compreenda bem que logo depois que o aleijado saiu correndo e saltando, os judeus foram atrás de Pedro para dar a ele os créditos pela cura e foi justamente aqui que Pedro e João recusaram o mérito da cura, recusaram os holofotes e deram a mais sensacional resposta que até hoje, infelizmente, é esquecida de muitos: A glória é de Cristo, é ELE quem faz (At 3.13). Isso te faz lembrar algo nos dias de hoje?

Atente nos dias atuais a visão de muitos não só desejarem serem vistos e reconhecidos como aquele que faz ou que deixa de fazer. Comum que homens chamem para si a glória de Deus como se fossem eles o autor de proezas sobrenaturais. Saiba que existe no coração do homem uma chama ardente que o leva a desejar que seu nome seja anunciado ao mundo todo, que todos olhem para sua fisionomia e admirem seus feitos.

Não foi a presença de Pedro e João que chamou a atenção do povo, mas sim o aleijado que corria pelo templo e isso trouxe o assombro de todos. Enquanto as pessoas se ajuntavam para glorificar os dois discípulos, de maneira muito honesta, eles não só recusaram como passaram a anunciar a mensagem de Cristo. Quanta diferença de muita gente de hoje, dos que se acham autossuficientes e acreditam mais em si mesmo. Aliás, os pensamentos de usurpar a glória de Deus sempre ocupou a mente humana, saiba que a autoglorificação é a maneira de transferir para si mesmo a glória que é do Criador, de fato e de direito. Muitos possuem verdadeira obsessão por reconhecimento e não se lembram das palavras do profeta Isaías: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei...” (Is 42.8). Resumindo, quem faz é Deus, o homem é apenas uma ferramenta, e olhe lá. Reflita isso!

“Assim, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa façam tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). Palavras de Paulo ensinando que em tudo - sentido de abrangência universal - a glória, a grandeza do feito e a fama, sejam dados a Deus. Noutras palavras, quem merece todos os holofotes é Cristo e ninguém mais. Você entende isso?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

 

Ler 2981 vezes Última modificação em Sábado, 22 Dezembro 2018 09:43