Segunda, 06 Abril 2020 13:48

PASSADO

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PASSADO

“Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino..." (Lucas 23.39).

 

Lucas não era judeu, provavelmente era grego ou sírio, portanto, era um estrangeiro escrevendo sobre Jesus Cristo. Lucas não teve seu nome citado nos evangelhos, todavia, Paulo faz menção ao seu grande amigo em três oportunidades: na carta aos Colossenses, na segunda carta a Timóteo e na carta a Filemom (Cl 4.14; 2 Tm 4.11; Fm 24). Quase nada se sabe a respeito da sua vida, apenas que ele foi companheiro de Paulo nas viagens missionárias, quando se juntou ao apóstolo na cidade de Trôade (At 16.10; 20-5). Em sua narrativa, percebe-se que se tratava de homem culto, com boas habilidades de pesquisador e historiador (Lc 1.1-4). Aliás, estudiosos afirmam que, em tese, Lucas pode ter feito parte do grupo dos setenta discípulos (Lc 10.1).

Jesus não foi crucificado sozinho. Dois homens, um de cada lado, ocupavam cruzes à esquerda e à direita. A princípio, eles riram de Jesus, mas no decorrer da situação, um daqueles homens mudou de atitude e passou a repreender o colega, acrescentando ao final um pedido sincero a Cristo, clamando por salvação. Teve fé e foi atendido em seu clamor (Lc 23.39-43).

Saiba que as empresas fazem suas contratações mediante as avalições de quem era o individuo e quase nunca por aquilo que ele pode se tornar dentro da instituição. Neste contexto, o mundo secular tem a cultura de analisar o passado das pessoas e com base neste passado fazer suas projeções. Passados ruins são avaliados negativamente e passados sem anotações negativas, são melhores avaliados. Isso é uma realidade e não há como escapar desta visão empresarial que a sociedade impõe.

Sobre este ladrão, veja que nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas e tampouco João trouxeram qualquer informação sobre este homem que alcançou a salvação nos minutos finais que antecederam a sua morte. Nenhuma informação traz luz sobre o passado dele, mas por ser crucificado, já se pode imaginar que ele tenha cometido crimes graves.

Segundo os historiadores, a crucificação era considerada pelos romanos como punição cruel, de forma que ela servia como um fator inibidor para muita gente, portanto, era temida e atuava como medida preventiva. Um detalhe interessante caracterizava a crucificação, ela não era aplicada aos cidadãos romanos, mas apenas aos escravos e aos não romanos que tivessem cometido crimes bárbaros, como assassinatos, traição e rebelião contra o império.

Apesar da história criminosa deste homem, ele se tornou conhecido após o encontro com Jesus. A narrativa de Lucas diz que ele se arrependeu e se tornou modelo de salvação por meio de uma fé sincera e verdadeira. Interessante que no início da conversa, os dois ladrões se juntaram as demais pessoas que zombavam de Cristo. Depois ele trocou de lado e começou a defender Jesus. Fez algo que poucas pessoas fazem, quando mesmo naquela situação, ele arrancou forças de seu interior para admitir o erro e mudar sua mentalidade. Noutras palavras, naquele momento e à beira da morte, numa linguagem bem atual, ele passou a nadar contra a correnteza.

Perceba que o fato do ladrão ter sido salvo, mesmo com um passado terrível, é algo que surpreendeu e continua a surpreender muita gente, ainda crentes na salvação meritocrática. Ninguém ia para a crucificação sem ter feito nada que a justificasse, portanto, o passado daquele homem era péssimo, era ruim mesmo. O império romano era extremamente cruel ao aplicar suas sentenças e de maneira incrível, Jesus não se fundamentou na sentença que lhe foi aplicada e nem no passado que ele ostentava. Jesus não olhou o currículo daquele homem para descartá-lo, mas viu nele um clamor sincero de um coração arrependido e não só o perdoou como lhe concedeu a salvação. Atente que era a aplicação pura e simples da graça e do amor de Deus. Reflita isso!

Neste contexto a mulher de Ló é um referencial clássico de como o passado impõe seu valor às pessoas. Na destruição de Sodoma e Gomorra, os anjos a carregam pela mão para livrá-la da morte, mas ela tomou a decisão de “olhar para trás”, e se tornou uma estátua de sal (Gn 19.26). Resumindo: ela saiu de Sodoma, mas a atmosfera daquele ambiente não saiu dela. Noutro giro, compreenda que as empresas são falíveis em suas avaliações quando analisam o passado e até com razão, pois estão trabalhando sobre quem foi o indivíduo, mas Cristo tem a visão no futuro, ELE enxerga o homem com base naquilo que ele vai se tornar. Eis aí a diferença!

Para os romanos, as consequências físicas provenientes dos erros que o ladrão cometeu tinham que ser quitadas e isso acontecia por meio da crucificação. Mas, para Jesus o passado daquele homem foi apagado no momento da mudança, no momento em ele mudou sua mentalidade. Jesus viu nele a sinceridade de um arrependimento puro e verdadeiro. Resumindo para você: Deus é aquele que perdoa independente do passado. Entendes isso?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 1055 vezes Última modificação em Segunda, 06 Abril 2020 19:09
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