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Segunda, 20 Julho 2020 17:54

ESTRELISMO

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ESTRELISMO

 “Não é este o carpinteiro..?” (Mc 6.3)

 

Marcos era sobrinho de Barnabé e escreveu seu evangelho com muitas informações recebidas do apóstolo Pedro, de quem se tornou amigo (Cl 4.10). Segundo os historiadores, João Marcos era o seu nome, filho de Maria (At 12.12). Tem-se que além de ser o evangelho mais antigo, muito do que ele registrou também foi registrado pelos evangelistas Lucas e Mateus. Em sua narrativa, Marcos apresenta Jesus como o servo, àquele que veio para servir e seu relato foca nos milagres e nas obras de Cristo. Um detalhe em Marcos é que ele nada registrou sobre a infância de Jesus e diz muito pouco de João, filho de Zacarias, o batista.

Marcos escreveu que Jesus e seus discípulos foram para Nazaré, cidade natal de Cristo e num sábado, o Mestre estava na sinagoga ensinando. Das pessoas que estavam no local, uma parte recebeu bem os ensinamentos e outra parte, passou a criticá-lo acintosamente. Este é o contexto que o versículo acima está inserido (Mc 6.1-3).

Não é preciso fazer nenhuma pesquisa para afirmar que grande parte das pessoas valorizam os títulos pessoais. Assim, aquilo que se sobressai no meio social passa a ter mais consideração e respeito. As pessoas valorizam o que é mais imponente, prestigiam o estrelismo e as posições sociais mais altas e, da mesma maneira, não toleram as posições inferiores e simples. Entretanto, este estrelismo faz parte da humanidade que sempre buscou se posicionar dando mais valores às pessoas conforme as ações e papéis de cada indivíduo na sociedade.

Nos quatro evangelhos, por onde Jesus caminhava, ele transformava ambientes. Pessoas eram curadas, desde uma simples febre até ressurreições e casos de pessoas cegas de nascença que passaram a enxergar perfeitamente. Todos eram tocados pelo Mestre, que conforme o relato de Marcos, fazia questão de servir a todos que o procurava em busca de um recurso, seja físico ou espiritual. Além disso, Jesus tinha outra característica: ele ensinava. No templo em Jerusalém, nas sinagogas, nas praias ou no campo, Cristo dava ás multidões doses maciças de conhecimento de sua doutrina. Sem estrelismo, ELE sabia que só o conhecimento produz mudanças e traz transformações. Reflita!

Veja que naquela ocasião, das pessoas que estavam na sinagoga, um grupo passou a ridicularizar-se dele. Embora aceitassem e presenciassem as curas que ele operava, embora eles reconhecessem o poder transformador de Jesus, essas pessoas questionavam a fonte. Isso é incrível! Por Jesus ter nascido na cidade onde estava (Nazaré) e por ser um carpinteiro que ali viveu grande parte de sua vida, na visão dos críticos, isso não era compatível com sua sabedoria e conhecimento. Noutras palavras, um simples carpinteiro não podia ter aquele conhecimento e nem aquela autoridade e mais, um carpinteiro não podia ter discípulos que o seguissem (Mc 6.2-3). Eles criticavam a simplicidade de Jesus e certamente que na visão daquelas pessoas, somente a elite, os doutores da lei, os rabinos e os sacerdotes detinham o conhecimento. Eles criticavam Jesus por não ser ele um Mestre sofisticado e erudito. Pasmem!

Mas parece que só mudou a geografia, pois essa situação muito se assemelha aos dias atuais. Ainda são encontradas com muita frequência, pessoas que possuem essa mesma visão distorcida e idêntica aos dos judeus do século I. Comum que muita gente tenha comportamentos favoráveis ao materialismo, estrelismo e sofisticação mundana e sejam contrários à simplicidade do evangelho. Na mente das pessoas que se escandalizavam de Jesus, o que valia era a aparência exterior, assim como hoje em dia. Atente nisso!

Compreenda bem que a simplicidade do evangelho não combina com o sistema mundano. Lembre-se que Jesus quebrava os protocolos, ele comia com os pecadores, vivia rodeado pelos desprezados da sociedade e isso era o fim para aqueles judeus que se achavam perfeitos cumpridores da lei mosaica. Ainda hoje a simplicidade do evangelho continua escandalizando a muitos que vivem enclausurados em um sistema religioso que oprime, subjuga, manipula e mata espiritualmente. Perceba que tudo isso é loucura para o mundo, já dizia o apóstolo Paulo uma vez que o homem precisa perder para ganhar, descer para subir e renunciar a si mesmo para ganhar o reino de Deus, e sem estrelismo (1 Co 1.18).

Os judeus esperavam o Messias e ele veio, mas mesmo com tantas demonstrações de ser o Cristo, eles não acreditaram que um simples carpinteiro era o portador da mensagem de salvação. Hoje, por meio da história, se pode aprender que para viver o sobrenatural de Deus, primeiro é necessário compreender a simplicidade do evangelho. Enfim, a maneira como Deus opera os seus planos e projetos, ainda deixa muita gente de boca aberta, sem entender nada e pior, criticando sem conhecimento de causa. Amém?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

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