Segunda, 28 Setembro 2020 13:43

SENTENÇA

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SENTENÇA

“...Tirai-a fora para que seja queimada.” (Gn 38.24)

Conforme os estudiosos e historiadores, o livro de Gênesis foi escrito pelo profeta Moisés. O livro retrata o poder criador de Deus, que mediante sua palavra criou os céus e a terra, criou os mares, as estrelas, as florestas e os animais (Gn 1.1). Também criou o homem e deu-lhe uma companheira e colocou ambos no Jardim do Éden. Gênesis traz ainda a transgressão do mesmo homem contra Deus e seu consequente afastamento de seu criador, mas também apresenta o plano reconciliador de Deus para resgatar o mesmo homem que se afastou.

Ainda no livro encontram-se as histórias dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José. E entre estes relatos, foi descrito um capítulo sobre Judá, filho de Jacó, abordando seu casamento, o nascimento de três filhos e posteriormente a morte tanto dos filhos como de sua esposa (Gn 38).

Um item muito observado no meio social é a representação pessoal. O homem gosta de ser visto, de ser reconhecido entre seus pares e para isso se realizar, ele nem sempre cumpre as regras e normas que a sociedade exige. Assim, é normal não aceitar determinadas posturas alheias, mas ao mesmo tempo entender que elas podem ser praticadas por si mesmo. Enfim, atente bem que a representação pessoal é uma estrada de mão dupla.

A história diz que Judá havia casado e tivera três filhos. O mais velho casou com uma mulher de nome Tamar, mas não teve filhos e morreu a seguir. O segundo filho casou com a viúva, mas também morreu sem gerar filhos. O mais novo também deveria casar com a mesma mulher para cumprir com a lei de levirato (o irmão deveria casar com a viúva para fazer descendentes), mas sendo muito jovem, Judá não permitiu e orientou a viúva a voltar á casa de seus pais e aguardar que o rapaz se tornasse adulto. Passados muitos dias, Judá não deu seu filho para o casamento com Tamar e numa saída pelo campo, ele veio a encontrar-se com Tamar, que estava disfarçada de prostituta na beira do caminho e com ela, mediante promessa de pagamento, Judá teve relações sexuais. Dessa relação Tamar engravidou-se e sabendo Judá sobre a gravidez, foi taxativo no veredicto: Vamos queimá-la por infidelidade! (Gn 38.24).

Num mundo com tantas pessoas, é natural que apareçam homens e mulheres inteligentes, que dominam diversas áreas do conhecimento e que usam seus cérebros em prol da humanidade, melhorando a qualidade de vida de todos. Todavia, existem também homens e mulheres altamente críticos que se acham moralmente superiores ao restante e assim, entendem ter o direito de julgar a postura e o comportamento alheio. É neste terreno que Jesus confrontava os religiosos de sua época, uma vez que estes eram rápidos em julgar as atitudes alheias, todavia, eles mesmos não se comportavam como deveriam. Para Cristo, eles eram semelhantes a túmulos bem pintados por fora, mas por dentro estavam podres e exalavam mau cheiro (Mt 23.27). Pense!

Assim que soube da gravidez de Tamar, Judá não pensou duas vezes antes de dar a sentença de morte tão comum naquela época. Isso reflete bem o mesmo pensamento que ainda domina a mente de muita gente nos dias atuais, pensamento de julgar e condenar o outro. Naquela ocasião Judá se tornou o juiz para sentenciar Tamar e certamente este é o mesmo posicionamento de muitos em relação às atitudes de outras pessoas. Basta ouvir a noticia da transgressão que imediatamente sai a sentença, e com um detalhe: sem direito ao contraditório.

Depois de se relacionarem, Judá ficou de pagar pelo favor sexual a Tamar. Ele foi embora e deixou como penhor o selo, seu cajado e um cordão. Mais tarde ao tentar efetuar o pagamento e resgatar o penhor, Tamar não foi mais vista e somente encontrada quando a barriga cresceu e ela se viu grávida de gêmeos (Gn 38.27). Ao ser acusada de adultério, ela apresentou os objetos que estavam penhorados mostrando quem era o pai das crianças (Gn 38.25). Pode-se imaginar a cena, pois se Judá olhasse para dentro de si, se veria tão culpado quanto ela e certamente não a julgaria pelo ato que ambos cometeram. Guarde isso!

Transporte essa história para os dias atuais e veja que nada mudou em termos de moralidade, em termos de julgamento e acima de tudo em termos de acusações. O apóstolo Paulo disse que independente de quem seja, o homem é indesculpável quando profere julgamento em desfavor de seu semelhante, pois ele pratica exatamente as mesmas coisas e/ou tem o mesmo comportamento transgressor (Rm 2.1).

Veja que a lógica dominante de muita gente é julgar os outros e esquecer que quem acusa pode muito bem ter cometido ou estar cometendo o mesmo ato, em igual ou maior intensidade. Essa é uma realidade presente em todos os contextos sociais. Atente que praticamente em quase todos os ambientes, quer seja o político, o empresarial, o comercial, o familiar e até mesmo o eclesiástico, o que prevalece é a aplicação severa da norma contra os outros e jamais contra si mesmo. Reflita!

Entretanto, compreenda que todos os dias o homem tem a oportunidade de melhorar sua relação com o seu semelhante e principalmente sua relação com Deus. Basta tão somente se lembrar de que não há nenhum justo, nem um sequer (Rm 3.10). Amém?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 765 vezes Última modificação em Quinta, 01 Outubro 2020 10:19
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