Segunda, 15 Fevereiro 2021 08:51

INDIFERENÇA

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INDIFERENÇA

 “Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel” (Sl 121-4)

 

O livro dos Salmos é composto por diversos poemas e segundo os historiadores, ele contempla um período de mais de mil anos. Da totalidade de seus poemas, o rei Davi contribui com mais de setenta, os demais foram divididos entre outros autores, e dentre eles, tem-se Salomão, Moisés, os filhos de Coré, Asafe e outros. Percebe-se nos poemas as expressões de alegrias, felicidades, tristezas, exaltação e glorificação a Deus, confiança e socorro em Deus.

O salmo 121 faz parte do grupo de quinze poemas (121 a 134) chamados de cânticos dos degraus, numa referência aos peregrinos que caminhavam de volta da Babilônia para Jerusalém. O salmo em questão é um poema que retrata a segurança e a confiança em Deus. Consta que este salmo foi composto após o rei Davi ter a noticia da morte do profeta Samuel (1 Sm 25.1).

A indiferença ou a apatia é algo que traz incômodo e desgaste nas relações pessoais. Ela se mostra em diferentes momentos, seja nas ligações telefônicas não atendidas, nas mensagens por meio de aplicativos não respondidas ou quando o silêncio se mostra como resposta em diversas outras situações. Vendedores se mostram indiferentes a consumidores, cônjuges são vistos como indiferentes dentro de casa, filhos, colegas e amigos por vezes também se mostram indiferentes às pessoas de suas relações. Enfim, a falta de interesse e de atenção está presente em todo lugar, inclusive no meio eclesiástico. Reflita!

Perceba nos dias atuais a ocorrência de muitos desastres. Veja que a pandemia do coronavírus trouxe junto o isolamento social, os jornais noticiam ocorrências de racismo, brigas, assassinatos e tragédias da natureza com enchentes. Ainda são comuns as informações de pais e filhos se matando uns aos outros, famílias em conflito, separações e abandono, fome, autoridades sendo presas por atos de corrupção e tantas coisas mais podem ser citadas como verdadeiros desastres. Grosso modo, pode-se acreditar que a humanidade caminha para sua autodestruição. 

Neste contexto, muitos cristãos têm grandes dificuldades em conciliar a fé e discernir Deus na história com tantas situações catastróficas que acontecem mundo afora. Assim restaria a consulta para saber por quais motivos Deus não se move para dar um basta nessas tragédias. Na visão de muitos, o pensamento dominante é de que “Deus não se importa, ou está dormindo ou é indiferente a tudo isso”, porque se importasse nada disso aconteceria.

A narrativa do evangelista Lucas mostra duas situações onde Deus parece estar indiferente. Certa feita Jesus ordenou que seus discípulos passassem para o outro do mar de Tiberíades. Obedientes ao que Jesus havia falado o barco em que eles estavam foi surpreendido por uma tempestade. Por algum momento, pode-se entender que os discípulos usaram de todos os seus conhecimentos para escaparem, e enquanto isso, Jesus dormia tranquilamente. Jesus foi acordado com o grito de socorro e, certamente que na visão dos discípulos, pelo tempo que lutaram contra a tempestade, o Mestre se mostrou indiferente, aliás, ele dormia. Ou seja, na aflição e no desespero que eles vivenciaram, inclusive com risco de morte, Deus estava dormindo. Até que Jesus levantou e acalmou o vento e o caso foi encerrado (Lc 8.22-25).

Ainda em Lucas, tem-se que o casal Zacarias e Isabel não tinham filhos e já estavam idosos. Não se sabe com que idade eles casaram, mas supõe que casaram muito cedo e até aquela data nada de filhos, embora tenha ficado claro que Zacarias orou por uma criança. É provável que Zacarias viu muitas crianças serem apresentadas ao Senhor no templo e bem certo que as amigas de Isabel fossem mães, mas eles continuavam sem filhos. Talvez durante anos também perguntassem sobre os motivos do silêncio e da indiferença de Deus, até que Deus quebrou o silêncio e noticiou a gravidez de Isabel, e o caso também foi encerrado (Lc 1.5-25).

Compreenda bem que esta realidade de um Deus que dorme (para os discípulos) e de um Deus indiferente para o casal Zacarias e Isabel foi assustadora para eles e é também para muita gente que nos dias atuais, aguarda por uma providência divina. Lembre-se que as pessoas vivem com pressa, as soluções para tantos problemas precisam ser rápidas e melhor ainda se tudo se resolvesse num estalar de dedos, todavia, nem sempre essa é a visão de Deus. Reflita!

Perceba que para muita gente que hoje enfrenta dificuldades no casamento, problemas com os filhos, dificuldades na empresa, enfermidades crônicas ou até mesmo o desemprego, podem olhar para o céu e ver um Deus que não age. Um Deus indiferente, silencioso e apático a tantos clamores e orações que são feitas requerendo providências de situações que o homem não pode dar, entretanto, entenda bem que no silêncio ou não, na indiferença ou não, aqueles discípulos não pararam de remar, eles continuaram firmes. De maneira idêntica, Zacarias também não parou de oficiar no templo porque não tinha filhos e nem Isabel se afastou dos caminhos de Deus. Comum a essas histórias foi que a providência de Deus chegou no tempo certo, na época certa. Para os discípulos foi questão de horas e para Isabel a gravidez demorou anos. Noutras palavras, saiba que Deus não estava indiferente e muito menos apático. Veja que Deus atendeu ambos casos quando assim lhe aprouve. Resumindo: Em Deus não existe erro, Deus tem um tempo certo para agir.  Compreenda que o tempo de Deus é diferente do nosso, a agenda d’ELE não é a nossa, ou seja, o que parece perdido para você, para Deus está tudo no devido lugar. Portanto, acalma o seu coração e continue crendo!

Jesus Cristo filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 723 vezes Última modificação em Sexta, 19 Fevereiro 2021 11:38
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