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Domingo, 11 Julho 2021 17:59

CORRUPÇÃO

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CORRUPÇÃO

“Ele, porém, respondeu: Vive o Senhor, em cuja presença estou, que não o receberei. Naamã instou com ele para que o tomasse; mas ele recusou.” ( 2 Rs 5.16)

 

Conforme os historiadores, não existem informações confiáveis para determinar quem seja o autor do livro de Reis. Quando foram realizados os trabalhos da tradução das Sagradas Escrituras do hebraico para o grego  (Septuaginta), os rabinos judeus entenderem de comum acordo em dividir todo o volume em duas partes, surgindo assim os dois livros de Reis. Sua narrativa contém as histórias e as ações do governos de Israel e de Judá, mostrando seus acertos e seus erros.

A narrativa do capítulo cinco deste segundo livro de Reis detalha a cura de um homem que sofria de lepra, uma doença terrível e incurável naquela época. Após titubear sobre os procedimentos dados pelo profeta Eliseu, ele foi curado e agradecido, ele ofereceu um dinheiro ao profeta como troca pelo milagre (2 Rs 5.1-16).

A explanação deste acontecimento diz sobre Naamã, famoso general da Síria.  Consta que ele era uma pessoa influente em seu país, herói de inúmeras guerras, era dono de uma ótima folha de bons e excelentes serviços prestados na área militar. Era um homem cheio de medalhas por atos de bravura, mas com a alma angustiada. Tinha títulos, reconhecimento público de seus compatriotas, todavia, carregava uma sentença de morte com a doença que o consumia vagarosamente. O relato diz que Naamã liderou a Síria numa batalha contra Israel e levaram como escrava uma menina que acabou indo servir na casa dele. Sabedora da doença de seu patrão, a garotinha sugeriu que ele fosse em Israel, procurasse pelo profeta e ali, recebesse a cura. Isso posto, ele rapidamente se dispôs a ir, inclusive providenciou uma carta de apresentação ao rei de Israel. Instado a procurar pelo profeta, ele foi até onde estava Eliseu e recebeu as instruções de como deveria se portar, ao final ele foi curado de sua enfermidade (2 Rs 5.14).

Perceba que antes de sair de seu pais em direção a Israel, o autor deixou claro que Naamã levou bastante dinheiro (2 Rs 5.5). Entretanto, depois de não aceitar a metodologia de cura, depois de ser orientado por seus servos a acatar as palavras de Eliseu, depois de obedecer e se ver efetivamente curado, Naamã quis pagar pelos serviços prestados. Mesmo insistindo em dar o dinheiro, o profeta Eliseu recusou e embora essa história tenha prosseguimento com outros personagens, é de ressaltar a honestidade e o comportamento íntegro de Eliseu que não aceitou o pagamento. Pense!

Saiba que nas sociedades capitalistas, grande parte de seus integrantes valorizam muito mais o dinheiro do que as pessoas. Nesse sentido tem sido comum os noticiários de operações policiais realizando prisões de pessoas envolvidas em atos de corrupção, onde ficou evidenciado que a compra de favores prevaleceu para que algo fosse ou não realizado.

Todas as nações contemplam a prática da corrupção como crime sujeitando o autor a duras sentenças, e existem diversas situações onde ela é praticada, desde os favorecimentos pessoais para trazer prejuízos e/ou gerar vantagens, aceitar valores para facilitar vendas, desviar dinheiro, favorecer licitações, etc, enfim, o leque de ações que abarcam atos de corrupção são muitos. A prática da corrupção é tão antiga quanto andar para a frente e infelizmente, estes eventos se encontram instalados em todos os setores da sociedade. Salomão, muitos séculos atrás já dizia: “o ímpio acerta o suborno em secreto, para perverter as veredas da justiça” (Pv 17.23).

Mas nessa história, lembre-se que Naamã vinha de um mundo pagão, o povo Sírio servia a deuses que funcionavam à base de troca, daí sua tentativa de pagar pela cura que tivera, afinal ele trouxera o dinheiro (2 Rs 5.18). Didaticamente, a recusa do profeta mostrou que ele necessitava aprender que o Deus de Israel não aceitava barganha e nem aceitava negociações escusas. O Deus de Israel, nas palavras da menina que o indicou para ser curado, não cobrava pelas bênçãos, pois agia por amor, por misericórdia e sem acepção de nacionalidade, raça ou credo, aliás, a cura de Naamã (um estrangeiro pagão) comprova perfeitamente que aos olhos de Deus todos os homens são iguais. Ou seja, a compaixão de Deus não faz separação por meio de posições sociais (Rm 2.11). Guarde isso!

Portanto, entenda bem que o Deus de Israel, o Deus do profeta Eliseu e o Deus das Sagradas Escrituras não aceita barganha do tipo “eu faço isso para receber aquilo”, não tolera trocas, não age pelo mérito e nem tolera ofertas de comercialização em seu nome (Ex 20.7). Assim como não foi a palavra do profeta que curou Naamã, mas o poder de Deus nas palavras de Eliseu, entenda que a recusa do profeta era a recusa de Deus. Em todo o tempo, não esqueça que Deus age quando quer, por meio da sua graça e de sua misericórdia. Amém?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 670 vezes Última modificação em Domingo, 18 Julho 2021 14:07