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Segunda, 06 Setembro 2021 13:10

DNA

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DNA

“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Lc 3.8).

Os historiadores dizem que Lucas era um médico grego que morava na Antioquia, região geográfica da Síria. Lucas escreveu o terceiro evangelho apresentando Jesus como o Deus de toda compaixão, de toda bondade e misericórdia. Era amigo do apóstolo Paulo com quem esteve viajando e registrou cuidadosamente diversos eventos que mostraram o sucesso e o fracasso dos primeiros anos da expansão do cristianismo. E dessas suas observações saiu o livro de Atos dos Apóstolos que narra o início da igreja.

O contexto da passagem acima está na narrativa sobre o ministério de João, filho de Zacarias e Izabel. João era filho único do casal e em decorrência da idade de seus pais, pode-se afirmar que o seu nascimento foi mesmo um verdadeiro milagre. A breve vida de João foi marcada pelas palavras de ordem contra o sistema religioso vigente e pelo batismo  nas águas de Jesus Cristo (Lc 3.1-22).

“Filho de peixe, peixinho é” é uma expressão pronunciada por muitos pais, orgulhosos de seus filhos e filhas. A frase quer dizer que a criança tem muitas semelhanças com seus pais, seja na personalidade, seja na aparência física ou mesmo noutros quesitos como o tino para os negócios. Enfim, ser reconhecido como peixinho do papai ou da mamãe pode mesmo ser motivos de muitas alegrias e felicidades, ou não.

Atente bem que o povo judeu era um povo que, devido ao sistema religioso que era imposto de cima para baixo sem chances de questionamentos e indagações, levava sua vida na busca pela execução mais perto possível dos rigores da lei mosaica. Assim, o povo procurava agradar a Deus por meio de suas obras, cumprindo os preceitos da lei e ainda se submetendo aos submandamentos que os sacerdotes judaicos criavam e assim, o povo era literalmente manipulado (tal qual os dias de hoje em muitos ambientes). Se cumprir toda a lei já era difícil, pode-se imaginar que a vida se tornava muito mais cruel com tantos penduricalhos inseridos pelas autoridades religiosas.

Em seu curto ministério lembre-se que Jesus confrontou diretamente todos os grupos religiosos de  sua época. Foi assim que escribas, fariseus, sacerdotes e saduceus e outros grupos mais se viram quase que diariamente no centro das palavras duras de Jesus, ora confrontando e ora fazendo cair por terra as ideias deles que, por sua vez, exerciam grande influência na vida cotidiana de toda nação israelita.

Saiba que dentro do contexto religioso judaico, o sistema excluía os não judeus  no projeto da graça salvadora de Deus. Na visão judaica, a salvação era dada somente aos judeus, entretanto, João, filho de Zacarias, questionou essa postura, não só chamando o povo ao arrependimento como desmitificando o pensamento que somente eles teriam a salvação. No pensamento judaico, por serem eles descendentes de Abraão, a  salvação estava garantida, ou seja, eles tinham uma visão que por meio do DNA, da genética e da hereditariedade, não havia nenhuma necessidade de arrependimento, até porque, como fiéis cumpridores da lei, eles se achavam perfeitos e sendo perfeitos, o arrependimento estava fora de cogitação. Pense!

Compreenda bem que João estava confrontando o autoconvencimento inserido no cerne da religiosidade judaica, era visível que eles estavam enganando a si próprios quando entendiam que por meio do parentesco, a salvação era um evento certo. Trazendo isso para os dias atuais, percebe a grande semelhança quando se compara o entendimento equivocado daquela época com muita gente que ainda acredita que pode ganhar a salvação se for parente de alguém. Existem muitos peixinhos, pessoas que convencidas pelo parentesco, querem herdar as bênçãos, querem receber milagres e não se sentem nem um pouco constrangidas a mudarem sua mentalidade e terem um relacionamento de amor e devoção para com Deus. Entenda que para a salvação não vale a frase “filho de peixe, peixinho é”. Guarde isso!

Saiba que existe uma infinidade de pessoas que desejam sim, a salvação, mas a desejam de carona no nome do pai, da mãe ou de algum parente reconhecido como homem e/ou mulher temente a Deus. Entenda bem que, independente do status social, do parentesco, da ligação genética ou da familiaridade, aliás, seja quem for, nada disso tem poder para dar a salvação. Reflita: a salvação vem pelo arrependimento, pela confissão de forma individualizada e era isso que João, o batista anunciava: “arrependei-vos e endireitai os seus caminhos” (Lc 3.3-4).

Portanto, compreenda que a questão não é sobre o seu DNA, sua genética, sua hereditariedade e/ou o seu parentesco. A questão é sobre a mudança de mentalidade, mudança de postura, de atitude e mudança espiritual e isso de maneira individualizada. Estamos entendidos?  Grande abraço.

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

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