Segunda, 15 Novembro 2021 16:44

CALA A BOCA

Escrito por
Avalie este item
(1 Votar)

CALA A BOCA

“muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim.”  (Mc 10.48)

 

O evangelista Marcos não foi discípulo de Jesus e seu nome era João Marcos, filho de Maria cuja casa foi palco de intensa oração a favor de Pedro que estava preso por ordem de Herodes (At 12.1-11). Segundo os historiadores e a tradição judaica, o homem que escapou correndo sem roupas quando da crucificação de Jesus era mesmo o evangelista Marcos (Mc 14.41). Outro detalhe da vida de João Marcos é que ele foi o pivô de uma discussão entre o apóstolo Paulo e Barnabé, quando ambos decidiam sobre os rumos de uma viagem missionária, fato esse observado e registrado por Lucas (At 15.36-39).

Jesus ressuscitou um homem (Lázaro) que estava sepultado há dias, curou muitas pessoas, libertou outras  tantas, isso sem falar que aconteceram diversos casos de milagres que nem foram registrados (Jo 21.23). E nessa passagem Jesus trouxe a visão aos olhos de um homem cego, muito embora houvesse gente nas proximidades que quase impediu o cego de receber o seu milagre (Mc 10.46-52).

Atente bem que dificuldades, crises e problemas de toda ordem é algo comum para centenas de milhares de pessoas mundo afora. Ninguém está imune e ninguém está isento de passar por alguma turbulência na vida. Uns mais e outros menos, mas eventos ruins chegam para adultos, adolescentes e até os pequeninos não escapam. Reflita!

A cura deste homem cego cujo nome era Bartimeu, está registrada também em Mateus e Lucas, com pequenas variações nos acontecimentos, todavia sem causar confusão no milagre que foi operado por Jesus (Mt 20.29-34; Lc 18.35-43).  A narrativa de Marcos apresenta um homem que ficava à beira da estrada de Jericó pedindo esmolas de quem por ali passava e certa feita, quis Deus dar ao pedinte algo melhor que as moedas que ele ganhava. O barulho das pessoas que caminhavam seguindo Jesus, fez com o cego ouvisse pelas conversas que era Cristo quem estava por ali. O texto diz que ele gritou por ajuda, gritou por misericórdia e alguns daquela multidão o mandaram se calar, mas ele insistiu, a narrativa diz que ele foi ouvido, foi curado, saiu dali enxergando tudo e passou a caminhar com Jesus, seguindo por onde ele ia (Mc 10.52).

 Considere que a cura de pessoas cegas nos dias atuais com tanta tecnologia disponível, ainda não é possível em muitos casos. Existem situações que a medicina está limitada e não consegue mesmo dar a visão. Mas Jesus operou um milagre na vida deste homem e ele recebeu a cura, milagre esse que por pouco não se realizou. Veja que diante dos gritos desesperados de Bartimeu, muitos que seguiram Jesus quiseram se tornar obstáculos na necessidade dele, ou seja, para aquela multidão que seguia Jesus, as curas e milagres eram vistos e presenciados a todo momento, mas de forma incrível, as pessoas que tentaram impedi-lo de gritar não foram obstáculos bastante para evitar seus gritos e o texto encerra mostrando as ações sequenciais em três verbos que exprimem ação: Jesus ‘parou’, ‘chamou’, ele ‘levantou’ e foi ‘curado’.

Compreenda bem que todas as pessoas possuem algum tipo de necessidade. Abraham Maslow, um psicólogo americano já elencava que as necessidades humanas são divididas em  cinco categorias:  fisiologia, segurança, social, estima e realização pessoal. Ele criou ainda uma escala, colocando as mais urgentes na parte baixa da escala, relacionando-as com a necessidades de sobrevivência. Não restam dúvidas que a necessidade daquele homem era ter visão para trabalhar e tocar a vida e foi nisso que ele se apegou. Jesus era a cura, ali estava a oportunidade de sair daquela situação paralisante e para isso ele se moveu, ele teve ação, se animou com a real possibilidade de cura e saiu da inércia. Reflita!

A narrativa de Marcos mostra que Bartimeu tinha família que foi identificada por meio do nome de seu pai, mas sua desgraça pessoal fez com que ele vivesse à margem da sociedade. Somando á sua cegueira, pode-se entender que veio a falta de oportunidades de trabalho e logicamente a necessidade de sobrevivência, jogando-o numa vida de mendicância. Poderia encerrar sua história assim, passando sem chamar a atenção de ninguém, entretanto, ao surgir a oportunidade, talvez a única de sua vida, ele não titubeou: abriu a boca e gritou. Aqueles obstáculos que quiseram calar sua voz foram vencidos aos berros. Guarde isso!

A narrativa diz que muitos daquela multidão que acompanhavam Jesus chegaram a repreendê-lo. É bem provável que se sentiram incomodados com os seus gritos, mas incrivelmente não se incomodaram com sua deficiência. O texto diz que Bartimeu não parou de gritar, os “cala boca” do povo não foram obstáculos nem impeditivos para a realização do sonho que ele nutria (Mc 10.48). Entenda portanto, que ninguém conhece a dor alheia e nem pode mensurar o valor das necessidades de cada indivíduo, portanto, se não puder ajudar, também não ouse atrapalhar, amém? Forte abraço.

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

 

Ler 387 vezes
Mais nesta categoria: « CLIMA CONTENTE »

PUBLICIDADE