Quarta, 07 Outubro 2015 17:56

MESMO FOCO

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MESMO FOCO

“... Mateus, o publicano... Simão, o zelote.”. (Mt 10.3-4)

Nestes dois versículos estão registrados os nomes dos discípulos escolhidos por Jesus Cristo. Tanto nos evangelhos sinóticos (Mateus, Lucas e Marcos) como  em Atos dos Apóstolos (escrito por Lucas) temos o registro dos nomes daqueles que foram escolhidos para acompanharem e testemunharem o ministério de Jesus.

Tem-se que antes da escolha, alguns destes homens eram totalmente desconhecidos e depois da escolha de Jesus e pelo silêncio da história, também nada se soube da maioria dos discípulos. Todavia, importante destacar que foram homens espiritualmente qualificados e capazes para receber os ensinamentos de Cristo e, posteriormente serem testemunhas e propagarem o seu evangelho, estabelecendo o cristianismo (At 11.26).

Estes discípulos eram pessoas comuns daquela região e foram escolhidos diretamente por Cristo após um período de oração a Deus (Lc 6.12-13). Dentre os escolhidos, têm-se dois judeus cujos nomes e adjetivos chamam a atenção justamente por serem antagônicos entre si: Mateus, o publicano e Simão, o zelote. Embora com posições políticas extremamente opostas, perceba que com Cristo ambos tinham o mesmo foco, o mesmo objetivo e não há registros em todo o NT de quaisquer desentendimentos entre esses dois. E olhe que politicamente eles tinham muitos motivos para brigas e trocas de insultos!

Perceba que Mateus, o publicano, era judeu, mas exercia a atividade de arrecadador de impostos para o Império Romano, o mesmo império que subjugava seus compatriotas e era causa maior da insatisfação do povo judaico. Mateus trabalhava para o inimigo, ou seja, era um judeu que não tinha patriotismo e que havia se transformado em servo do Império Romano e por seu intermédio, tirava dinheiro do povo judaico.

Veja que de outro lado, tem-se o judeu Simão, cujo adjetivo “zelote” faz relacionar sua pessoa com o partido judaico que insurgiu justamente contra o Império Romano no início do século I, ocasião em que houve o censo para arrecadar e impor mais impostos aos judeus. Segundo os estudiosos, Simão chegou a integrar um grupo radical, - os zelotes - que pregavam a libertação de Israel do domínio romano. Portanto, Simão, o zelote, era um patriota fervoroso que se opunha contra os impostos e os tributos do Império Romano.

Perceba que as posições políticas desses dois discípulos e seus conceitos de pátria eram antagônicos! Pode-se até dizer que havia um abismo entre suas visões de mundo.

Havia uma diferença em termos de visão sobre patriotismo, sobre a soberania do povo de Israel e acima de tudo sobre o governo que os massacrava. Mas quis Jesus que pessoas de diferentes intelectos, de diferentes culturas e de diferentes profissões fossem seus discípulos para aprenderem, testemunharem e levarem a palavra de salvação a toda criatura (Mc 16.15).

Verifica-se nos dias atuais que a igreja física é composta de toda sorte de pessoas. Seus membros são pessoas de diferentes profissões, de diferentes conhecimentos intelectuais e com distintas visões de mundo. Ate aí, tudo normal, mas o que preocupa é que muitas das vezes, estes membros, embora diferentes entre si, não comungam o mesmo amor cristão e muito menos o mesmo foco e objetivo do evangelho de Cristo: salvar almas das garras de Satanás.

Tanto Mateus,  o publicano, como Simão, o zelote, aprenderam com Cristo que as diferenças deixam de existir quando o amor de Cristo reina entre os corações, quando o amor de Cristo fala mais alto que simples visões políticas e mundanas.

Observam-se hoje em dia cristãos mais preocupados com vida do irmão ao lado, do que efetivamente arregaçar as mangas, pregar e levar a Palavra de Deus a corações que gritam por socorro e por uma palavra de esperança. Mateus e Simão, embora em posições políticas opostas, estiveram em comunhão no mesmo objetivo que os demais discípulos. É na comunhão que encontra morada a verdadeira visão do Reino que Cristo implantou. Uma igreja e um povo que vivam num mesmo foco, num mesmo objetivo e que almejam o mesmo resultado!

Paulo, na carta aos Romanos ao escrever sobre o serviço cristão usou como ilustração o corpo humano e seus membros, afirmando que somos todos membros de um só corpo, embora cada membro tenha funções distintas. Compreenda: somos um só corpo em Cristo Jesus (Rm 12.4-5), amém?

Jesus Cristo, filho de Deus os abençoe!

 

Milton Marques de Oliveira

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