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Quarta, 14 Junho 2017 09:55

COMPAIXÃO

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COMPAIXÃO


“E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais” (Jo 8.11).

 

João, discípulo de Jesus foi o autor deste evangelho, de três cartas a diferentes destinatários (1ª, 2ª e 3ª João) e do livro de Apocalipse. Dente os discípulos, João foi o que mais escreveu, o que mais desfrutou da intimidade de Cristo e certamente o que mais testemunhou das obras do Mestre, estando com Cristo praticamente em todos os momentos de seu ministério. Em seu evangelho, João apresenta Cristo como o filho de Deus e diferente dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, ele deu ênfase nas controversas de Cristo com seus adversários, os fariseus, os saduceus e os escribas (Jo 1.34).

O versículo acima está contextualizado na acusação de um grupo de fariseus contra uma mulher não identificada, que fora apanhada em adultério e apresentada a Cristo. Pela lei mosaica, todo aquele que cometesse adultério deveria morrer por apedrejamento, tanto o homem quanto a mulher (Lv 20.10). Aqueles acusadores não tinham tanto interesse em punir aquela mulher, na verdade eles pretendiam conseguir provas para desacreditar Jesus. Se Jesus fosse favorável ao apedrejamento, seria acusado de não ter compaixão e de ir ao encontro de Roma, pois só o Império Romano tinha o direito de executar alguém condenado. Se não ordenasse o apedrejamento, seria acusado de não apoiar e ir contra a Lei.

Atente que nos dias atuais, sempre há uma pessoa acusando outra, culpando e impondo responsabilidades por algo indevido. É praticamente impossível uma pessoa afirmar que jamais foi acusada, hoje vive-se num mundo onde é mais cômodo culpar e acusar o outro do que assumir responsabilidade pelos próprios erros. Pior que apontar o erro alheio, é quando as acusações acontecem em ambiente público, assim como fizeram com aquela mulher que fora colocada pelos fariseus no meio de muitas outras pessoas. Lembre-se que naquela época, século I, predominava uma sociedade machista e patriarcal, o que logicamente jogou mais peso sobre os ombros dela (Jo 8.4).

Embora reconhecesse que a acusação era verdadeira, ela sofreu as consequências naturais que o pecado de adultério poderia lhe causar, como a vergonha e constrangimento pela exposição pública a que foi submetida, ademais, os fariseus não apresentaram o homem com quem ela teria se relacionado e que estava sujeito às mesmas penalidades naturais da transgressão (Lv 20.10; Jo 8.6).

Assim como os fariseus religiosos daquela época, nos dias atuais pouco mudou. Há muitas pessoas mais preocupadas em apontar o dedo e acusar, do que efetivamente demonstrar amor e compaixão. Idênticos àqueles fariseus, muitos acusadores de hoje, hipocritamente, são falhos e imperfeitos, levam uma vida pautada pelas vontades e desejos pessoais, evidenciada pelo status, pelo poder, pela ganância, pelo dinheiro e pelo orgulho. Em termos de pecados, são tão pecadores quanto, mas optam muito mais em julgar e constranger. Há uma evidente contradição e na cabeças dessas pessoas não existe o perdão, a compaixão e a bondade. Reflita!

Jesus muito ensinou aos judeus sobre a falsidade de seus compatriotas fariseus no julgamento daquela mulher, não sendo eles pessoas capacitadas para julgar seus semelhantes. Conhecedor do interior e do coração das pessoas, Cristo deixou claro que não existe nada escondido que não venha a ser revelado e nem oculto que não venha a ser conhecido. Noutras palavras, Cristo evidenciava que a farsa tem pernas curtas, tanto que os acusadores daquela mulher se retiraram furtivamente, reconheceram que não eram qualificados e nem estavam em condições para julgar (Lc 12.1-2).

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve." (Mt 11.28-30). Percebe-se nos dias atuais uma grande resistência das pessoas de não só conhecerem a Jesus como Salvador, mas de permanecerem em Sua presença, notadamente quando aparecem mais julgadores que pessoas sensíveis e consternadas com as fraquezas humanas. Tanto para aquele grupo de fariseus como para muitos hoje em dia, é mais cômodo julgar, do que enxergar suas próprias transgressões. Reflita!

A história dessa mulher adúltera termina com Jesus perdoando-lhe seu erro e ordenando-a a não mais pecar. Não que Cristo fosse convivente com o pecado dela (Cristo sempre condenou o pecado), mas deu-lhe uma ordem para ser cumprida, ou seja, vá e não peques mais. Pode-se conjecturar que ela cumpriu rigorosamente essa ordem, se arrependeu, reativou seus sonhos e projetos, teve sua vida encaminhada e se viu incluída na sociedade. Na visão míope dos seus acusadores, os planos e sonhos dela terminariam mortos no apedrejamento, mas Cristo, riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor lhe perdoou, incluiu e ressuscitou seus sonhos (Ef 2.4).

Compreenda, portanto, a importância de não julgar, mas de praticar o perdão, de agregar, de resgatar e de ter compaixão. Afinal de contas, assim como aquela mulher, o homem estava longe e afastado de Deus (Ef 2.3-5), mas pela sua misericórdia, ELE perdoou, incluiu, resgatou e trouxe esperança, amém? Creia nisso!

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 1658 vezes Última modificação em Sexta, 16 Junho 2017 16:50