TRAGÉDIA
“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8.36)
Conforme os teólogos e historiadores, o evangelho de Marcos foi o primeiro dos quatro evangelhos a ser escrito, isso em meados dos anos 90/100 DC. João Marcos era o seu nome e interessante que ele não é mencionado por Mateus, nem por Lucas e muito menos por João em seus evangelhos. Sua narrativa foi escrita conforme a visão do discípulo Pedro de quem Marcos era amigo. Dos evangelhos, Marcos é quem mais apresenta as ações práticas de Jesus em curas, milagres e libertações que seus discursos.
Jesus chamou seus discípulos e as pessoas que o seguiam para um tempo de ensino e passou a instrui-los sobre o discipulado e seu peso, sobre o seu custo diante da vida em si (Mc 8.31-38).
Veja bem que na existência física das pessoas há muita coisa que é primordial. Beber água, alimentar-se, usar roupas, ter uma moradia e cuidar da saúde dentre outras coisas são itens que se não forem praticados, podem trazer sérias consequências. Logicamente, que há outras coisas que não são tão necessárias e nem contribuem para a vida física, como por exemplo fazer uma viagem para conhecer a Antárctica.
Ainda sobre coisas importantes e não importantes, considere que cabe às pessoas dar valor àquilo que ela enxerga como relevante. Quando as pessoas escolhem ter uma vida voltada a Deus, certamente que essa pessoa está tomando uma decisão no tempo presente, mas com foco no futuro. À essa postura podemos afirmar que são escolhas prioritárias ou primordiais.
Falando sobre o custo do discipulado, Jesus mostrou aos seus ouvintes sobre a relevância em estabelecer prioridades na vida. Para ter uma vida que agradasse a Deus, era necessário que a pessoa se posicionasse de forma diferente dos demais integrantes da sociedade. Para aqueles que não professassem a fé em Jesus, a vida podia ser conduzida de qualquer maneira, sem quaisquer parâmetros, mas ao cristão era requerido um comportamento diferenciado. E foi assim que Jesus apresentou os critérios para entrar no reino de Deus a um fariseu de nome Nicodemos. Era preciso deixar os comportamentos nefastos de outrora e nascer de novo, ser uma nova criatura espiritual, como disse mais tarde o apóstolo Paulo (Jo 3.1-8; 2 Co 5.17).
Nesse sentido, Jesus estabeleceu três princípios básicos para o discipulado, três exigências para seus seguidores: primeiro, negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e somente depois de cumpridos estas duas exigências, entrar no terceiro item que era seguir o Mestre (Mc 8.34). E para isso era necessário criar prioridades e reconhecer que algumas coisas na vida eram mesmo periféricas em relação ao principal, que era a vida eterna com Cristo. Reflita sobre isso!
Veja que hoje, mais que nunca, existe um forte apelo para as coisas físicas e temporárias. Ter terrenos, apartamentos, carro do ano, sítios, chácaras e casa na praia tem sido o objetivo de muita gente e, entenda que ter esses bens não é errado, desde que que sejam adquiridos com honestidade e com o suor do trabalho, mas compreenda que essas riquezas não são capazes de levar ninguém à uma vida eterna com Cristo. Entenda também a que a busca desenfreada por aplausos, likes nas redes sociais, reconhecimento e holofotes em nada contribui para a entrada no céu, mas, contrariamente, podem colaborar na condenação eterna. Alguns desses últimos itens tem se tornado verdadeiros deuses da vida de muita gente, tomando o lugar de Deus, conduzindo e afastando muita gente para caminhos mais distantes da Palavra de Deus.
“Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Ec 1.2). Poder, fama, popularidade e glórias terrenas acabaram com a vida de Salomão, autor desse versículo que está contido no livro de Eclesiastes. Certamente que a busca por coisas efêmeras, periféricas e superficiais tem influenciado a vida de muita gente e paulatinamente, essas pessoas vão se distanciando vagarosamente de Deus e quando caem em si, a tragédia já está criada. Confiantes em si mesma e ávidas por acrescentar mais riquezas ao seu patrimônio, as pessoas tiram os olhos de Deus para colocar nas coisas materiais. Nesse ponto se consolida a tragédia espiritual!
Para os ouvintes de Jesus, isso já era uma realidade. Mesmo naquela época, muitos já buscavam acumular bens e Cristo mostrou que o investimento deles estava equivocado. Poderiam ganhar o mundo todo, mas tanto a morte era certa (Jó 14.5) como o juízo de Deus também era certo (Sl 9.7-8) e a alma dessas pessoas estaria condenada eternamente.
Entenda que esse alerta de Jesus continua atual. Hoje muita gente faz verdadeiros desinvestimentos na área espiritual, buscando prazeres que mais à frente se tornarão em verdadeiras tragédias para sua alma. Priorizar o que é eterno em detrimento das coisas periféricas e secundárias é sinal de maturidade e essas escolhas não podem esperar. Afinal, Tiago já afirmava que a existência humana é muito rápida, num piscar de olhos ela acaba (Tg 4.14). Portanto, invista hoje na sua vida espiritual e terá retornos eternos, amém? Abraço grande.
Jesus Cristo Filho de Deus continue abençoando sua vida e seus projetos
Milton Marques de Oliveira - Pr