Sábado, 16 Novembro 2024 09:52

DESCONFIANÇA

Escrito por
Avalie este item
(1 Votar)

DESCONFIANÇA

“Mas Pedro continuava a bater, e, quando abriram, viram-no e pasmaram.” (At 12.16)

O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito pelo mesmo autor do terceiro evangelho, o evangelista Lucas. Praticamente toda a narrativa de Atos apresenta como se deu o começo da igreja em pleno Século I. A primeira parte do livro mostra as ações do discípulo Pedro e segue-se com as ações do apóstolo Paulo com as viagens missionárias pelo mundo de então e os estabelecimentos das primeiras comunidades cristãs.

O contexto da passagem acima está no encarceramento de Pedro e Tiago por ordem do rei Herodes. Tiago foi morto por ordem do rei e Pedro continuava preso, aguardando a morte (At 12.1-19).

 A oração é uma das práticas espirituais mais realizadas pelos cristãos. Clama-se a Deus por curas, por milagres, por alguma providência, por um trabalho, para ser aprovado em exames escolares, por livramentos de perigos, enfim, a grande totalidade das orações está centrada nas petições e em menor número, as orações por ações de graças, em agradecimento pelas bênçãos recebidas.

A narrativa histórica diz que o rei Herodes Agripa estava governando a Judeia e ele mantinha ótimas relações com os sacerdotes judaicos. Com a finalidade de ganhar honras e aplausos, Herodes buscava holofotes junto aos religiosos perseguindo os cristãos e isso agradava os líderes do judaísmo. Sob suas ordens, ele mandou prender e matar Tiago, irmão de João e como isso agradou aos judeus, ele mandou prender também a Pedro (At 12.1-2). Todavia, a igreja se reuniu na casa de Maria e se empenhou em oração a favor da vida de Pedro e, muito embora ele estivesse preso e acorrentado aos guardas, Lucas diz que Pedro foi libertado de maneira sobrenatural. Os guardas não escutaram e nem viram nada quando os portões da cadeia se abriram  miraculosamente e Pedro ganhou as ruas, indo diretamente para a casa de Maria onde estavam reunidos os demais irmãos.

E para surpresa, a presença de Pedro causou um assombro. Quem orava pedindo pela libertação dele, ao vê-lo, não acreditou (At 12.15). Ou seja, quem clamava, quem rogava, quem pedia, certamente que fazia tudo isso com fé, mas sem uma expectativa real de que Deus iria mesmo atender. Resumindo, eles oravam, mas com desconfiança. Reflita!

Perceba que o autor da carta aos Hebreus define a fé como o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem (Hb 11.1). Para o cristão, fé e confiança andam de mãos dadas, uma não se aparta da outra. Uma fé sem confiança é uma fé manca. Confiar é ter a plena convicção de que Deus está no controle de tudo e nesse sentido, pode-se conjecturar que na casa de Maria todos oravam pedindo pela libertação de Pedro, uns em alta voz, outros com voz baixa, mas a centralidade das orações era em prol da vida de Pedro. Todos oravam com esta expectativa e quando Deus os atendeu, eles simplesmente levantaram suspeitas (At 12.16). Eles estavam reunidos clamando por um milagre,  mas quando o milagre se realizou, eles não acreditaram no milagre. Rogaram para acontecer um negócio sobrenatural, mas quando o sobrenatural aconteceu, eles ficaram espantados. Parece cena de humor!

“Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3.20). Lembre-se que inobstante as adversidades e as dificuldades, existe um Deus que se inclina para ouvir as orações, que não só as escuta como pode, conforme a sua vontade mudar o rumo da história. Compreenda que as orações são apresentadas ao Deus que fez todas as coisas, ao Deus que tem todo poder no céu e na terra. A libertação de Pedro mostra que humanamente era impossível ele escapar, mas Deus interviu de uma forma inigualável. Reflita!

Entenda que sempre existirão mudanças quando as orações chegam a Deus. Talvez a resposta divina não aconteça no tempo e na data que se espera, mas enquanto isso não acontece, continue fazendo a vontade de Deus até que ELE se manifeste (Hb 10.36). Embora seja comum, entenda que é incabível ao crente orar e se surpreender quando Deus atende, afinal, se clamou é porque esperava receber. Ao orar, ore com convicção na certeza de que Deus vai agir e ao receber a dádiva não se espante, amém? Abraço forte.

Jesus Cristo Filho de Deus continue abençoando sua vida e seus projetos.

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

 

 

Ler 453 vezes
Mais nesta categoria: « TRAGÉDIA VALENTE »

PUBLICIDADE