MANIPULADORES
“Ninguém vos domine a seu bel-prazer…” (Cl. 2.18)
A carta aos Colossenses foi escrita pelo apóstolo Paulo e faz parte do conjunto denominado ‘Cartas Paulinas’. A comunidade cristã na cidade de Colossos não foi plantada por Paulo, aliás, nem lá ele chegou a ir nas viagens missionárias. Provavelmente, essa comunidade foi criada por judeus e gregos que ouviram a pregação do Evangelho na Ásia e por ali se estabeleceram, como Epafras (At 19.10). Mas como toda igreja que se formou naquela época, seus integrantes vinham do paganismo, vindo daí a frase de Paulo que todos eles eram estranhos e inimigos no entendimento (Cl 1.21).
O contexto da passagem diz sobre a abordagem de Paulo contra o misticismo, uma prática que era comum naquela época e, infelizmente ainda hoje, em pleno século 21, é por demais praticada (Cl 2.18-23).
Considere que existem muitas pessoas que devido a sua criação, devido a cultura ou mesmo por outras causas, vivem debaixo de ordens de outras pessoas. Não se fala aqui de instituições onde a hierarquia e a disciplina são a base de sua existência, mas a abordagem é de situações onde a manipulação pessoal é exercida para proveito particulares.
Aquela pequena comunidade cristã de Colossos tinha pouca ou nenhuma experiência de vida cristã, seus membros eram pessoas comuns do povo, quando muito, eram pessoas que devido às circunstância da vida, não tinham tanto conhecimento das Sagradas Escrituras e tudo o que eles sabiam ou que chegavam ao conhecimento deles, vinham de pregadores itinerantes que anunciavam corretamente Jesus Cristo, anunciavam o seu sacrifício, sua morte e ressurreição, mas esses homens que vinham da distante Palestina, mesclavam suas pregações com os ritos judaicos e uma dose de misticismo com a finalidade de dominar sobre os ingênuos irmãos de Colossos. Imagine isso!
O que preocupava o apóstolo Paulo era que os integrantes daquela igreja fossem enganados e por meio dessa fraude mística e ao mesmo tempo religiosa, eles fossem dominados, manipulados e o resultado desta enganação seria desastroso. Ao dizer àquela igreja que ninguém os dominasse, era como se Paulo gritasse e mostrasse em um desenho, que eles, irmãos colossenses foram libertos de seus pecados, foram resgatados da escravidão e do domínio de Satanás, mas agora, ao acreditarem na falsa espiritualidade daqueles pregadores itinerantes, eles estavam voltando ao domínio e a escravidão. Ou seja, Jesus os havia libertado, Jesus os havia tirado do mundo hostil e dominador, não haviam mais razões para aceitarem novamente uma pesada carga vindo de gente enganadora (Gl 5.1).
Considere que Paulo menciona até “culto aos anjos”, apontando até onde pessoas manipuladoras e/ou dominadoras podem fazer para impressionar quem se submete a tais crenças. E lembre-se que tudo os que pregadores judaicos faziam, era nada mais que buscar satisfazer seus interesses pessoais. Compreenda que espiritualidade por demais pode ser sinal de muita emocionalidade.
Veja que nos dias atuais, há um crescente número de pessoas que desejam dominar e manipular seus semelhantes. Que seja por meio de visões, que seja por meio de palavras proféticas e até mesmo por meio de relatos de testemunhos e milagres criados por sua própria inteligência. São pessoas que no fundo se mostram doentes, são carentes emocionais e por meio dessas artimanhas, prendem e manipulam seus ouvintes, alegando uma espiritualidade inexistente. No fundo aqueles pregadores itinerantes se passavam por humildes para depois dominarem a igreja!
Perceba que o evangelho é simples e por ser simples, há chances reais da pessoas perderem a sua essência. Lamentavelmente, existe uma química, uma atração e encantamento pelo mágico e é disso que muitos aproveitam para cometer toda sorte de fraude espiritual, dominando e manipulando aqueles que, honestamente, acreditam. É ser enganado em nome de Deus. O evangelho não precisa de mágica. Guarde isso! Aqueles homens que iam de igreja em igreja sempre acrescentavam um negócio novo à salvação, se achavam melhores e mais capazes espiritualmente, se intitulavam detentores de novos conhecimentos e isso era a chave para abrir as portas da fraude.
“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” (2 Co 11.3). Compreenda que todo dia surgem pessoas enganadoras, sedentas e dissimuladas para confundir gente incauta e inocente, gerando insegurança espiritual, criando situações embaraçosas, exigindo fidelidade para daí, dominar e manipular. Entenda que desde os tempos antigos, Satanás tem investido no engano e na fraude, visando confundir a simplicidade do evangelho e embaraçando a mente das pessoas, afinal de contas: “E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz” (2 Co 11.14). Forte abraço.
Jesus Cristo Filho de Deus abençoe sua vida,
Milton Marques de Oliveira - Pr