LIBERDADE
“Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?” (Jo 6.66-67).
O quarto evangelho foi escrito pelo discípulo João, conhecido pescador que se tornou o discípulo amado e em seu evangelho, João apresenta Jesus como o Filho de Deus que se fez homem e habitou entre nós. João era filho de Zebedeu, irmão de Tiago, outro pescador que também foi discípulo de Jesus. Sabe-se que eles abandonaram os barcos, as tralhas de pescas e suas atividades econômicas para estarem com Jesus. A narrativa do evangelho de João, diz que ele escreveu para que todos creiam que Jesus é o Filho de Deus e, crendo, tenham vida por meio do nome de Jesus. Certamente aqui está a essência da via cristã: ter vida em Jesus (Jo 20.31). João escreveu ainda três cartas e o livro escatológico de Apocalipse quando esteve deportado na ilha grega de Patmos.
Contextualizando a passagem, Jesus havia ministrado para várias pessoas, tidas como seus discípulos. Era um discurso duro sobre o preço de segui-lo. Após aquele momento, muitos desistiram e abandonaram Jesus (Jo 6.44-66).
Perceba que existem pessoas que apreciam dominar e aprisionar outras pessoas, que seja por meio do medo, por meio de chantagens, seja pela imposição de ideias e por aí vai uma infinidade de situações onde alguém se impõe sobre alguém. Mas entenda que a individualidade e a autonomia das pessoas é algo que deve ser respeitado e até estimulado, afinal de contas, a liberdade de fazer escolhas, mesmo que sejam equivocadas é um negócio de grande valor.
Jesus teve diversos confrontos verbais com os grupos religiosos de sua época. Fariseus, escribas e saduceus eram grupos que dominavam e impunham às pessoas regras e mais regras e, nesse sentido, Jesus se tornava inimigo capital de todos eles. De forma clara, Jesus ensinava, abria o entendimento das pessoas e isso era o fim do mundo para os religiosos e legalistas que impunham regras ao povo, aprisionando-os. Saiba que no evangelho de Mateus existe todo um capítulo dedicado aos fariseus, onde jesus os chama de hipócritas (Mt 23), mas de forma semelhante, Jesus também criticou seus seguidores que o seguia movidos por questões materiais e de interesse físicos (Jo 6).
Em seus ensinamentos, Jesus não impunha sua doutrina ao povo. Eles tinham a livre decisão de ouvir, processar as palavras e daí fazer suas escolhas, ou seja, Jesus acatava perfeitamente a autonomia de cada homem e de cada mulher, valorizando suas capacidades de decidirem por si mesmo o melhor caminho e fazer as melhores escolhas. Noutras palavras, eles eram livres, Jesus não adulava seus seguidores com a finalidade deles o seguirem. Jesus não demonstrava nenhum medo de perdê-los, não demonstrava receio de usar duras palavras que iam de encontro às suas culturas, mas de forma contrária, Jesus falava verdades que abria o entendimento deles e eles, após escutarem essas verdades, tinham total liberdade de escolherem, entre permanecer com Jesus ou não permanecer. Num termo atual, Jesus não ‘passava pano’ na cabeça de ninguém. Reflita!
Após ouvirem de Jesus que eles deveriam beber seu sangue e comer sua carne, muitos de seus seguidores se escandalizaram por não entenderem perfeitamente o que na verdade, Jesus queria dizer. Jesus ensinava que comer de sua carne e beber de seu sangue, era o alimento que iria nutrir seus corações, alma e espírito com sua divindade (Jo 6.44-67). E por não entenderem desta forma, muitos simplesmente abandonaram Jesus e não se vê no texto, o mesmo Jesus, com ares paternais, indo atrás daqueles que o deixaram. Entenda que Jesus não monopolizava seus seguidores, o discurso do discipulado era dado e todos eles sem exceção tinham autonomia para ficar com Jesus ou simplesmente, ir embora. Guarde isso! Nesse sentido, considere nos dias atuais a perversidade de muitos homens e mulheres que aprisionam mentalmente outras pessoas, dominando-as com palavras e fazendo delas verdadeiros serviçais, como se sobre elas tivesse algum direito. Fuja desses manipuladores!
Compreenda que o evangelho veio para confrontar homens e mulheres quanto aos seus comportamentos e atitudes que contrariam os mandamentos de Deus. Assim, pecar contra Deus, cometer toda sorte de transgressão, praticar a idolatria e viver uma ‘vida doida e maluca’ em desobediência a Deus e não ser questionado por suas posturas não vai trazer e nem proporcionar nenhuma mudança espiritual. A bem da verdade, a vida cristã implica em renunciar as práticas mundanas, pois sem renúncias, não existe maturidade e muito menos crescimento espiritual. Compreenda que Deus exerce a paternidade, mas não exerce o paternalismo, ou seja, para Deus pecado continua sendo pecado e santidade continua sendo santidade, Deus te liberta e requer do homem livre vida em santidade. Nesse ponto, não existem meios termos. Amém? Abraços
Jesus Cristo Filho de Deus continue abençoando sua vida.
Milton Marques de Oliveira - Pr