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Segunda, 31 Dezembro 2018 11:51

DESEJOS

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DESEJOS

“E aconteceu que um homem, aleijado de nascença, estava sendo carregado para um dos portões do templo, chamado Portão Formoso. Todos os dias o colocavam ali para pedir esmolas aos que entravam no templo.” (At 3.2)

 

Lucas foi o autor de Atos, além de escrever também o terceiro evangelho de mesmo nome. Lucas fez sua narrativa fundamentada em testemunhos de quem presenciou os fatos, colhendo informações de fontes confiáveis, além de estar presente em diversos eventos, acompanhando as viagens missionárias. Embora no livro de Atos apareçam nomes de diversos personagens, o livro é um grande resumo da história de dois ícones da igreja primitiva: Pedro e Paulo.

O versículo acima está contextualizado no milagre sobrenatural de um homem aleijado, que foi curado por Jesus após ter um encontro com os apóstolos Pedro e João (At 3.1-10).

Perceba a naturalidade com que algumas pessoas passam anos a fio enfrentando situações catastróficas e se familiarizam com tal intensidade com as circunstâncias que nem se tocam sobre a possibilidade de mudança. Algumas por não vislumbrarem transformações em curto prazo e outras por não acreditarem que o processo atual possa ter solução. Saiba que acostumar-se com situações ruins, pode criar a perversidade de não mais desejar outra coisa. Cria-se e consolida a mesmice. Pense!

Lucas narra que havia um homem aleijado que todos os dias era colocado à porta do templo para ganhar um dinheiro. Permanecia sempre no mesmo lugar, provavelmente chegava e era retirado nos mesmos horários, ou seja, estava muito bem acostumado com sua rotina. Certamente que o aleijado tinha o firme desejo de ganhar umas moedas, e quem dava as moedas, apenas contribuía para consolidar esse desejo. Era um ciclo pernicioso que começava e terminava em simplesmente ganhar as moedas.

Entenda que por vezes as pessoas se acomodam tanto com a situação reinante em sua vida que simples processos de mudanças se tornam algo colossal. Veja que a familiaridade com sua situação física fez este homem passar anos desejando apenas ganhar moedas e da mesma maneira, pode-se imaginar que os amigos que o carregavam também já tinham se acostumado em transportá-lo da casa para a porta do templo e vice versa. Noutro giro, João e Pedro haviam acabado de sair do pentecostes, tinham sido cheios do poder de Deus, viram pessoas serem batizadas pelo fogo do Espírito Santo, e logicamente tinham vivido e presenciado o forte mover e a presença de Deus. Mas não se acomodaram com o que tinham visto. Eles poderiam ter saído do pentecostes e ido para casa descansar, mas eles tinham necessidade e queriam mais de Deus e foram direto para o templo, e com um detalhe: na hora da oração. Noutras palavras, eles viveram o desejo de serem cheios do Espírito Santo e ao irem para o templo, demonstraram a necessidade de receberem mais de Deus, ou seja, existem pessoas que depois de viverem algo sobrenatural na presença de Deus, não voltam a buscar mais de Deus, se acomodam, mas João e Pedro fizeram diferentes. Foram cheios no pentecostes e não se conformaram, foram buscar mais de Deus. Reflita!

Compreenda que os conceitos de desejo e necessidade podem estar muito distante um do outro. Veja que desejos são carências por satisfações específicas, momentâneas, enquanto necessidade está relacionado a privação de alguma satisfação básica. O coxo tinha o desejo específico de ganhar moedas, mas sua necessidade era andar, ser curado, ter uma vida como todo mundo. Pense nisso!

Na porta do templo, todos davam ao coxo o que ele desejava, mas ninguém olhava para sua real necessidade que era caminhar e não depender mais de seus amigos. Quando encontrou João e Pedro, certamente que ele alimentava o desejo de ganhar umas moedas, mas os dois lhe deram muito mais. Os dois apóstolos tiveram a exata compreensão de ver qual era a necessidade dele. “Levanta e anda..” (At 3.6), foi uma ordem direta e não ficou nisso, Pedro lhe deu as mãos para o erguer. Aguardou que seus pés se firmassem e somente depois o soltou. Cheio da virtude do Espírito Santo, Pedro viu qual era a necessidade daquele homem. Lembre-se: ninguém dá o que não tem, somente se libera aquilo que tem no coração. Reflita isso!

Pode-se afirmar com muita certeza que durante todos os anos que o aleijado ficou pedindo esmolas, muitos tenham passado por ele e até deram umas moedinhas e isso era o desejo dele. Mas, entenda aqui que Pedro e João não viram o desejo dele em ganhar moedas, mas compreenderam que a necessidade daquele homem era muito mais importante que o desejo. Ele precisava ser curado! Portanto, não se esqueça em priorizar as necessidades das pessoas, elas são muito mais importantes que os desejos. Você entende isso?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

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