Imprimir esta página
Segunda, 20 Janeiro 2020 13:05

HUMILDADE

Escrito por
Avalie este item
(6 votos)

HUMILDADE

“Mais tarde, entretanto, Eliseu perguntou a Geazi: “O que poderíamos fazer em favor dessa mulher”?” E Geazi respondeu: “Bem, ela não tem filho, e seu marido é bastante idoso” ( 2 Rs 4.14)

 

Outrora o livro de Reis era um grande volume, mas quando da tradução das Sagradas escrituras do hebraico para a língua grega, os rabinos judeus que fizeram a tradução acharam por bem fazer a divisão em dois volumes, como forma de facilitar a leitura e a compreensão das narrativas. Os dois volumes de Reis mostram as ações dos governos de Judá (Sul) e Israel (Norte).

Consta que o profeta Eliseu com frequência passava pela casa de uma mulher na região de Sunén, território da tribo de Issacar (Js 19.18). Desta amizade, houve por bem que atendendo ao pedido de sua esposa, seu marido fez uma reforma na casa e cedeu um cômodo ao profeta para que quando ele ali passasse, tivesse um lugar para descanso. Visando agradar a mulher, o profeta consultou se ela possuía alguma necessidade, inclusive se prontificou a falar ao rei ou mesmo ao capitão do exército em favor dela. Ela respondeu que estava tudo bem, mas Geazi, servo do profeta, foi usado por Deus e falou qual era a real necessidade daquela mulher (2 Rs 4.8-14).

Existem muitos sentimentos que ocupam o coração do homem, uns para o bem e outros para o mal. Como sentimentos bons têm-se o amor, a esperança, a paz, a paciência e tantos outros. Por sentimentos ruins têm-se a tristeza, a mágoa, o rancor, a angústia e a indiferença, mas certamente que a soberba é o sentimento campeão que teima em ocupar muitos corações. O homem soberbo se sente superior aos demais e o contrário da soberba é justamente a humildade, característica essa que ocupa os simples, aqueles que têm senso de realidade diferenciado. Pense!

Perceba a existência de muitas pessoas que são extremamente orgulhosas e com razão, pois dentro de suas atividades elas se destacam positivamente. Pesquisam, estudam e realizam com excelência alguma atividade relevante, portanto, não é errada essa admiração e demonstração pública este sentimento. Noutro extremo, há o lado perverso deste mesmo sentimento que deve ser combatido no homem, haja vista que ele está na base de muitas maldades que o coração pode fabricar, principalmente quando o orgulho faz com que o ser humano esqueça que existem outras pessoas com igual ou maior capacidade de realizações. Guarde isso!

Atente que antes deste episódio, o profeta Eliseu era um homem conhecido pela sua intimidade com o Senhor. Tinha sido discípulo de Elias e pelo próprio Elias havia sido ungido (1 Rs 19.16), havia sarado as águas de Jericó (2 Rs 2.21), havia multiplicado o azeite da casa de uma viúva (2 Rs 4.1-7) e recentemente havia sido lembrado por uma família e contemplado com um cômodo mobiliado, onde poderia descansar de suas viagens (2 Rs 4.8). Pode-se dizer que deveria ser um homem realizado, pois era nítido seu relacionamento com Deus.

A narrativa declara que Eliseu sentiu no coração, como forma de agradecimento, em fazer alguma coisa pela mulher que o ajudara. De imediato, talvez tenha pensado que ela precisasse da ajuda do rei em alguma situação ou mesmo que o oficial do exército pudesse também ofertar alguma ajuda. Mas atente que mesmo tenho estreito relacionamento com Deus, o profeta falhou em tentar saber o que ela precisava. Nada do que fora ofertado foi aceito. Mesmo sendo profeta, mesmo sendo homem cujo coração tinha estreita ligação com o Espírito de Deus, atente que ele não conseguiu acertar qual era necessidade que pudesse preencher o coração daquela mulher. Deus não revelou isso ao profeta. Pense!

“Bem, ela não tem filho, e seu marido é bastante idoso” ( 2 Rs 4.14). Coube a Geazi, servo do profeta, receber a revelação de Deus e mostrar a Eliseu qual era a realidade daquela mulher e a partir daí, Deus usou o profeta para equacionar e abençoar aquela família. Atente que não é dada aqui a indicação de que aquela mulher era estéril (evidência comum em todo o contexto bíblico para famílias em filhos) ou que não poderia ter filhos por qualquer outra causa, mas a causa parece ser outra: a idade do marido delineada na revelação de Deus a Geazi.

O incrível é que mesmo com todo o seu poder e soberania, Deus se importa em escolher homens e mulheres comuns do povo e os capacita para realizar seu propósito. Pela lógica do homem, a revelação deveria partir do profeta, mas isso não aconteceu e de maneira fantástica, o profeta não se sentiu melindrado e nem ficou irado com seu servo. De imediato ele entendeu a revelação e deu a promessa que, certamente, ela tanto desejava: um filho de um marido idoso e provavelmente com problemas de ordens físicas. Reflita!

Infelizmente, tem muitas pessoas altivas que não entendem que outras pessoas podem sim, serem instrumentos nas mãos de Deus. Eliseu não questionou o fato de a revelação ter sido dada ao servo e deu prosseguimento ao que Deus iria fazer para aquela família. Aprenda: com humildade, Eliseu compreendeu que Deus distribui os dons segundo a Sua graça, a fim de que todos - sentido de amplitude - sejam aperfeiçoados para a edificação do corpo de Cristo (Efésios 4.11-12). Viva isso!

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 1036 vezes Última modificação em Segunda, 20 Janeiro 2020 13:14