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Domingo, 15 Maio 2022 15:18

REINTEGRAÇÃO

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REINTEGRAÇÃO

“..vai para a tua casa, para os teus” (Mc 5.19)

Marcos não foi discípulo de Jesus, todavia, teve na pessoa do apóstolo Pedro um amigo leal que o alimentou com inúmeras informações de curas, de milagres e de tantos outros eventos onde Jesus se fez presente e realizou maravilhas. O nome era João Marcos, filho de Maria, proprietária da casa onde muitas pessoas se reuniram em oração a favor de Pedro que estava preso na iminência de ser martirizado (At 12.1-12). Uma particularidade interessante sobre Marcos é que ele foi o pivô de uma discussão que ocorreu entre Paulo e Barnabé (At 15.36-38).

Dentre os diversos milagres operados por Jesus, a cura de um homem endemoniado se caracteriza não somente pela libertação espiritual em si, mas pela motivação maior de fazer com que o mesmo homem, que outrora vivia afastado de sua família e agora livre de toda opressão, fosse reintegrado à sua família (Mc 5.1-20).

Infelizmente, algo bastante comum em inúmeros lares são os desajustes entre seus integrantes. Com muita frequência se ouve falar de brigas, discussões, abusos e até mortes envolvendo pessoas de uma mesma família. Em grande parte essas fatalidades possuem raízes em ambientes desestruturados que necessitam de mudanças radicais, profundas e específicas.

O texto sobre a libertação demoníaca deste homem é mesmo sobrenatural. Maluco, verdadeiro vida loka, ele tocava o terror por onde passava e tinha força física bastante para destruir os sepulcros e as algemas que o prendia. Governado por poderosas forças malignas, com razão ele vivia longe de seus familiares, andava sem roupas e pode-se acreditar que naquela sociedade ninguém o queria por perto. Quando mais longe, melhor. Certamente que sua vida era terrível, mas ao ser libertado por Jesus das forças que o dominava, ele pediu a Cristo que permitisse acompanhá-lo, afinal, livre das garras do diabo, ele demonstrou que ficar junto de Jesus era a coisa mais sensata. Todavia, além de Jesus não deixar, deu-lhe uma missão: “vai para a tua casa, para os teus” (Mc 5.19).

Caso Jesus permitisse que ele o seguisse, a cura e a transformação dele seria uma excelente prova do poder de Jesus para todo o povo, a presença daquele rapaz seria proveitosa para fazer marketing dos feitos de Jesus. A simples presença daquele que tinha sido libertado das mãos de Satanás seria uma ótima propaganda. Mas por que Jesus não quis deixá-lo ir junto?

Hoje muito se fala sobre missões, sobre campos missionários e isso tem mexido com a cabeça de muitos homens e mulheres e jovens. Certamente que a primeira coisa que vem a mente de quem deseja fazer missões, é viajar para lugares inóspitos, onde a falta de recursos é visível aos olhos, e isso é válido. Afinal, o amor e a graça de Deus tem mesmo poder para alcançar pessoas no lugar onde elas estiverem. Mas a narrativa de Marcos deixa claro que na visão de Jesus, o campo missionário mais importante e desafiador não são os lugares mais distantes, não é a África, nem a região do planeta conhecida por janela 10 por 40 e nem mesmo aqueles lugares onde falta de tudo, mas o campo missionário que mais necessita de atenção é justamente a família. Reflita!

Antes de Jesus encontrar este rapaz, o profeta Malaquias já alardeava sobre a urgente necessidade de conversão do coração dos pais aos filhos e dos filhos aos seus pais, para que a terra não sofresse com a maldição (Ml 4.5-6). Ou seja, enquanto muitos se preocupam em levar a mensagem de Deus aos rincões do planeta, saiba que antes disso, milhares de famílias precisam ser reconciliadas, precisam conhecer o valor do perdão e produzir relacionamentos saudáveis. A conversão horizontal gera famílias fortes e por consequência, se traduz em sociedades curadas. Creia nisso!

Atente nos dias atuais para inúmeras famílias que lutam para que os pais se livrem dos vícios do álcool, para verem seus filhos longe das drogas, da prostituição e dos crimes. Noutras palavras, famílias doentes contaminam outras famílias e a ausência de afetos resulta em uma sociedade decadente e corrupta. O evangelho quando age no indivíduo provoca grandes mudanças no seio familiar e é dessa maneira que lares desestruturados passam a se firmar no amor. Portanto, por meio de uma transformação  individual exstem outras mudanças que impactam o coletivo, ou seja, familiares podem ser abençoados e caminharem juntos através da mensagem do evangelho que atingiu um de seus integrantes. Jesus restaurou aquele rapaz para reintegrá-lo à sua família e o transformou num ativo missonáio, um agente de mudança (Mc 5.19).

Entenda bem que fazer missões é algo sensacional, ir para lugares distantes e ser anunciador do amor e da graça de Deus é coisa maravilhosa, mas nenhum esforço nesse sentido valerá a pena se a família não conhecer e/ou não receber do mesmo amor e da graça de Deus. Voltar para casa, aos seus entes queridos e impactar a vida dos mais próximos continua sendo um evento com o carimbo de ‘urgente’. Entenda: as famílias não somente se constituem no campo missionário mais próximo, como também precisam conhecer mais do amor e da graça salvadora de Deus. Pense nisso! Grande abraço.

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 447 vezes Última modificação em Sexta, 20 Maio 2022 16:14