Sábado, 29 Junho 2024 17:32

MALDADE

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MALDADE

“Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu amigo íntimo.” (Sl 55.13)

Salmos ou poemas. É assim que podem ser vistos todo  o conjunto de capítulos que compõe o livro de mesmo nome. Seus autores são diversos, desde Salomão, Moisés, os filhos de Asafe e, logicamente  o mais conhecido de todos: o rei Davi. Aliás, quase a metade do livro tem sua autoria atribuída ao rei Davi. Os salmos expressam a situação de momento vivida pelo autor e uma dessas expressões são os lamentos, como se o autor conversasse com Deus, abrindo seu coração.

O rei Davi escreveu o salmo 55 e nele está retratado um momento de dor e sofrimento por uma situação de grande tristeza que o próprio Davi vivenciou: a maldade de alguém que lhe era muito íntimo.

Resumidamente, o longo texto em sete capítulos no livro de 2 Samuel diz que Absalão, filho do rei Davi, conhecido por sua beleza e pelo seu carisma tramou o mal contra seu pai (2 Sm 13; 2 Sm 19). Bonito e ao mesmo tempo ambicioso, Absalão demonstrou um coração turbulento e ao mesmo tempo maldoso. Ele tinha poucas chances de assumir o trono de Israel e acabou-se por envolver numa diabólica trama familiar. A narrativa mostra que Absalão deu ordens para que seus servos matassem o seu irmão Amnon, sucessor imediato ao trono e autor declarado de um abuso contra sua Tamar, então sua irmã (2 Sm 13.4-28). Maquiavélico, Absalão deu um golpe de estado e conseguiu expulsar o rei Davi e assumiu trono, mesmo que temporariamente. Entretanto, mais tarde, numa batalha Absalão foi morto após ficar pendurado pelos cabelos nos galhos de uma árvore, enquanto fugia em meio  à guerra (2 Sm 18.9).

Saiba que o rei Davi enfrentou muitas guerras contra inimigos aos quais ele não tinha nenhuma intimidade, mas desta feita, o inimigo era alguém muito próximo, era alguém que tinha o seu DNA. O inimigo que o ameaçava de morte era seu filho e foi nesse contexto de muita perplexidade, espanto e susto que Davi escreveu este salmo,  mostrando seu lamento diante de uma maldade vinda de sua própria família.

Considere que que a traição, em qualquer contexto, tem um poder altamente destrutivo, capaz de provocar separações, privações e desencontros, podendo chegar inclusive a morte. Sofrer traições de pessoas estranhas ao convívio já é algo péssimo, mas passar pela experiência de ser traído por alguém que desfrutava da intimidade é mesmo assustador. Perceba que é mais fácil e aceitável as pessoas compreenderem a perda de um ente querido sob a justificativa de que a morte é inevitável a todos, que processar a traição, justamente porque a traição envolve a quebra de confiança, envolve afetos que foram rompidos. Davi lamentou os acontecimentos porque  o traidor não era alguém anônimo e/ou de fora, mas uma pessoa do seu circulo de confiança, era uma pessoa que comia na sua mesa, tinha o mesmo sangue e era isso que mais lhe perturbava, a ponto dele mesmo deixar registrado sua indignação: “eras tu.. juntos andávamos”  (Sl 55.13-14).

Transporte essa história para os dias atuas e veja que todos estão sujeitos a passar por um caso igual, ou seja, ser traído por alguém muito próximo. Veja que as reações podem ser diferentes, todavia, a solução encontrada pelo rei Davi pode apontar para um caminho que seja comum a todos. A princípio, diante da traição do marido infiel ou da esposa infiel, grande parte das pessoas encaminha a solução para o divórcio, mas isso pode mudar diante daqueles que optam pelo perdão. Davi, mesmo diante das informações que seu filho o queria morto, ainda orientou seus soldados a terem cuidado, amor e respeito para com Absalão (2 Sm 18.5).

“Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará. À tarde, pela manhã e ao meio dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz” (Sl 55.16). Certamente que a diante da dor da traição, o melhor a fazer é apresentar o caso a Deus e deixar que ele entre com a providência. Davi clamou ao Senhor na certeza que Deus iria ouvi-lo e com uma particularidade incrível: Davi orou com intensidade pela manhã, à tarde e ao meio dia. Ou seja, Davi era homem acostumado às guerras e batalhas, todavia, em nenhum momento intentou pagar o mal com o mal, mas entregou o caso nas mãos de Deus. O final da história foi que Absalão plantou ventos e colheu tempestades (2 Sm 18.9; Gl 6.7).

Compreenda que falsidades acontecem todos os dias, trazendo decepções e frustrações. Sabe-se também que as dificuldades em tomar decisões acertadas diante das traições são muito difíceis, entretanto, diante das maldades de gente próxima ou não, ou daqueles que não medem esforços para a prática do mal, saiba que entregar o caso a Deus é a melhor decisão, afinal de contas, Deus é refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações (Sl 46.1). Acalmar o coração e confiar que Deus cuidará de fazer justiça, traz a paz em meio às guerras. Faça isso e viva! Abraço grande.

Jesus Cristo Filho de Deus continue abençoando sua vida e seus projetos.

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

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