PATERNIDADE
“Não vos deixarei órfãos; ” (Jo 14.18)
João, filho de Zebedeu, foi um dos doze discípulos de Jesus, escreveu seu Evangelho no século I, entre os anos de 85 a 90. E escreveu com o propósito bem definido de conduzir os homens ao conhecimento e a crença que Jesus era o Cristo (Messias), o Filho de Deus, e desta maneira, crendo, tivessem a vida eterna (Jo 20.20-31).
O versículo acima está contextualizado no ensinamento de Jesus aos seus discípulos, prometendo-lhes o Espírito Santo, o consolador (Jo 14.15-26). Essa promessa foi efetivamente cumprida no dia dos Pentecostes, registrada por Lucas no livro de Atos dos Apóstolos, quando o Espírito Santo desceu enviado do céu (Jo 7.37-39; At 2.2).
Vez por outra os jornais noticiam que uma criança foi abandonada ou deixada em algum ponto das cidades. E depois disso o que se vê é uma complexa e dinâmica atividade protetora envolvendo o Estado e toda a sociedade para não só cuidar dela, mas também descobrir seus pais, e eventualmente providenciar pais substitutos, uma vez que os pais biológicos perderam o sentido moral de paternidade. Somem-se a tudo os trâmites judiciais para imposição de responsabilidade aos pais pelo abandono da criança, além da exploração midiática sobre o assunto. Ou seja, o abandono cria um problema difícil para todos.
Perceba, portanto, em decorrências destes abandonos, que nos dias atuais vive-se uma forte crise de ausência de paternidade. Existe uma quantidade razoável de filhos biológicos abandonados por seus genitores, filhos esses que perambulam pelas cidades, procurando direcionamento para seus caminhos, batendo literalmente a cabeça numa busca desenfreada por proteção e referências paternas que lhe sejam modelos e exemplos em todos os sentidos. Entretanto, se no mundo secular essa situação é comum, creia que Deus não age desta maneira, ELE jamais abandona seus filhos, nunca desampara, ao contrário, é um Pai sempre presente transmitindo segurança, conforto e proteção (Ez 34.11-12).
Pode-se imaginar os pensamentos que transitam pela cabeça de quem foi abandonado. De início o sentimento de rejeição, passa pela incredulidade e finaliza na presunção da inutilidade, ou seja, na cabeça do abandonado, ele não presta para nada, tanto que foi tratado como um objeto sem serventia. Veja que a falta de um pai implica na ausência de um modelo e de um referencial aos filhos, cria a revolta pela situação, distancia o amor familiar e gera incertezas de como será a vida dali para frente. Tudo isso são pensamentos de quem se sente literalmente atirado para escanteio, se vendo sozinho e perdendo o sentido da vida.
Observe que depois da morte física de Jesus, o Senhor permaneceu entre os discípulos tirando-lhes o temor pelos últimos acontecimentos e concedendo-lhes a paz (Jo 20.19). Logo após a ressurreição, Cristo foi para junto de Deus Pai, todavia, prometeu e cumprindo sua promessa ELE mandou o Espírito Santo (Jo 14.16-17). Deus é um Pai que cumpre aquilo que promete, isto é, ELE é fiel para cumprir (Dt 32.4).
Atente que a filiação de Deus como Pai ao homem é um mistério que ultrapassa o entendimento humano e deve ser enxergado pelos olhos da fé (Jo 1.12). O amor de Deus, como Pai que cuida, zela, protege e se preocupa com seus filhos é mesmo difícil de ser dimensionado pela ótica humana, todavia, basta ver que Deus cuida das flores e das aves do céu, quanto mais cuidará da coroa de sua criação (Mt 6.26). Reflita isso!
Embora algumas pessoas chegam a questionar Deus por fatos que surgem em sua vida, notadamente quando as lutas do dia a dia parecerem não ter fim, compreenda que nas adversidades, nas turbulências e aflições, Deus é um Pai sempre presente ao lado dos seus, fortalecendo, sustentando, concedendo ânimo e coragem para vencer (1 Jo 4.4). Veja em Deus um Pai cheio de amor sob quaisquer condições e circunstâncias que jamais abandona seus filhos. É pai de verdade! (Is 41.10).
Lembre-se que Deus demonstrou ser um Pai amoroso, desde o resgate de seus filhos no Egito, passando pelos cuidados com a alimentação e água no deserto até chegar às terras prometidas. E não parou por aí, posteriormente mesmo com a desobediência do povo israelita, Deus continuou e continua amando, ou seja, um amor eterno, incondicional.
Portanto, ainda que alguns gritem serem “filhos de Deus”, sem serem de fato, Deus não se cansa de demonstrar que é um Pai presente e acessível. Tenha essa certeza, não somos órfãos, amém? Creia nisso!
Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!
Milton Marques de Oliveira - Pr