Segunda, 23 Novembro 2020 14:12

CARTEIRA DE IDENTIDADE

Escrito por
Avalie este item
(6 votos)

CARTEIRA DE IDENTIDADE

“..Quem és tu e qual a tua ocupação? De onde vens e qual a tua terra? A que povo pertences tu?” (Jn 1.8)

Os historiadores eclesiásticos afirmam que o livro do profeta Jonas foi escrito pelo autor de mesmo nome, provavelmente entre os séculos VII e VIII. A narrativa de Jonas faz parte de um conjunto de doze livros, denominado profetas menores em razão do pouco conteúdo profético, quando comparados com os livros dos profetas Jeremias, Ezequiel e Isaías que fazem parte do grupo chamado profetas maiores. A narrativa de Jonas é muito conhecida principalmente pelas crianças em seus aprendizados sobre o grande peixe e os adultos já enxergam o livro sobre o prisma da desobediência de Jonas. Todavia, algo claro em todo o livro é a exuberância da soberania de Deus, é a abundância de sua misericórdia e a explícita precisão de sua vontade na execução de seus projetos. Creia nisso!

De pouco conteúdo e focado numa história bem contextualizada, a narrativa mostra que o profeta Jonas a princípio recusou o chamado de Deus para levar a palavra de arrependimento a um povo estranho e, pior, um povo inimigo dos Israelitas. Patriota extremado, Jonas fugiu da chamada divina e embarcou num navio, que pelas mãos de Deus entrou numa tempestade em alto mar. Questionado pelo mestre da embarcação e diante de quatro perguntas que lhe foram feitas, Jonas respondeu apenas uma, justamente aquela que identificava sua nacionalidade, hebreu e sua crença, o Deus que fez o mar. (Jn 1.1-9).

Perceba que dentro das relações sociais, as pessoas são conhecidas por algum indicador. Algumas pessoas são conhecidas pela profissão que exercem, outras são conhecidas pelos laços familiares, outras pelas habilidades no esporte, pela hospitalidade, pela alegria contagiante e por aí vai uma série infindável de indicadores que fazem seus portadores serem conhecidos no ambiente que vivem.

Atente bem que esses indicadores que ajudam a definir quem é quem, apenas traduzem algo habitual que já está entranhado na cultura de um povo. Incrível, mas ser reconhecido pela profissão ou mesmo por algum outro indicador acaba dando ao seu portador uma espécie de carteira de identidade. Nesse contexto veja que uns se sentem bem e outros nem tanto, uma vez que estas definições podem trazer embaraços, quando o individuo é conhecido por algum indicador que lhe cause constrangimento, ou seja, aqueles rótulos e apelidos de cunho pejorativo.

E Jonas passou a responder-lhes: Eu sou hebreu, e temo a Yahweh, Elohim, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra.” (Jn 1.9). Perceba que o texto diz que Jonas foi questionado com quatro perguntas e a finalidade do mestre da embarcação era investigar a causa deles estarem passando pela tempestade. Das quatro indagações, Jonas respondeu apenas uma e foi justamente essa que deu luz e entendimento ao capitão do navio sobre a causa da tempestade. Uma peculiaridade marcante na resposta dada por Jonas nem foi responder sobre sua nacionalidade, pois naquela época era comum que os hebreus (judeus) fizessem viagens marítimas, mas quando complementou a resposta com a frase: “eu temo ao Senhor”. Reflita!

Perceba bem que o fato de temer a Deus foi o divisor de águas para Jonas e os marinheiros. Ali, o profeta deu uma característica fundamental de quanto ele era devoto ao Deus que fez a terra e o mar, ou seja, o mesmo mar que naquele momento balançava o navio para todos os lados, era criação do Deus a quem Jonas temia. A narrativa prossegue com Jonas sendo jogado ao mar, o fim da tempestade e ele indo fazer a missão que Deus lhe havia dado.

Transporte essa resposta de Jonas para os dias atuais e atente para uma particularidade que tem se tornado um grande desafio para muitos cristãos atuais: temer a Deus. Perceba que as pessoas vivem hoje focadas no imediatismo, na busca desenfreada por resultados rápidos como se não houvesse amanhã, tal a proporção da necessidade humana em ter tudo resolvido no momento presente, sem nenhuma preocupação com o futuro próximo, isso para não falar de um futuro mais distante. Pessoas de todas as idades, alguns com anos de cristianismo, com ou sem conhecimento teológico, têm dado mostras de quão perverso tem sido a caminhada cristã sem atenção, sem reverência e sem a prática do temor a Deus, aliás, a frase temor a Deus ainda causa arrepios no meio eclesiástico evidenciando um cristianismo raso e superficial. Reflita!

É neste contexto da falta de reverência e ausência de temor a Deus que muitos até se consideram como filhos de Deus, todavia, conduzem suas vidas de maneira totalmente descompromissadas, tanto em relação a Deus como ao seu semelhante. Perceba que muita gente cristã leva sua vida aos trancos e barrancos, evidenciando grande desordem pessoal, familiar e principalmente espiritual. Muitos que deveriam valorizar o dom da vida dado por Deus, ficam eternizando suas performances pecaminosas e mundanas por meio de selfies, quando deveriam fazer seus autorretratos para glorificar e exaltar o reino de Deus. Ou seja, sem dar a devida atenção e sem reverenciar a Deus, não se pode falar sobre identidade cristã. Guarde isso!

Entenda bem que uma caraterística marcante do cristão, daquele que crê em Jesus Cristo é ser conhecido como filho amado de Deus perante a sociedade e/ou ambiente em que convive (Jo 1.12). E essa identificação passa necessariamente pelo aspecto comportamental, comportamento esse firmado justamente na reverência e no temor ao Deus dos céus, que fez o mar e a terra. Amém?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 839 vezes Última modificação em Quarta, 25 Novembro 2020 11:27
Mais nesta categoria: « DESPREZO SUMIÇO »

PUBLICIDADE