PORTA-VOZ
“Mas o Senhor me disse: a todos a quem eu te enviar irás e tudo quanto eu te mandar falarás” (Jr 1.7)
Jeremias foi um profeta que ministrou ao povo de Israel antes da invasão dos Caldeus, chamando o mesmo povo a retornarem aos caminhos do Senhor. Todavia, o sentimento coletivo de se afastarem de Deus foi mais forte e eles não deram créditos à voz do profeta que os advertia desse distanciamento. Jeremias, atuou comosacerdote, foi um patriota intenso, honesto e ainda assim foi perseguido por falar a verdade sobre os desvios que o povo de Israel estava praticando. Restou que suas profecias efetivamente se cumpriram e ele depois isso ele escreveu, consolando seus compatriotas das escolhas erradas.
O contexto da narrativa mostra o sim de Jeremias diante do chamado divino para ser porta-voz da mensagem de Deus ao povo Israelita (Jr 1.4-8).
È fácil perceber que nos dias atuais as pessoas estão vivendo um clima de muita insegurança, seja ela política, seja econômica ou social. Veja que o número de pessoas desocupadas sem um trabalho que lhes dê uma renda, as crescentes tragédias familiares, o sobe desce dos juros e via de consequência dos demais produtos, são dentre outras as causas de grandes preocupações familiares. E tudo isso gera desconforto, traz inquietações pessoais, gera ansiedade. E diante dessas situações as pessoas fazem justos questionamentos sobre o seu futuro físico. É nesse sentido que outras pessoas, vivendo ou não as mesmas situações podem se posicionar e fazer algo pelo próximo, ofertando esperança. Pense nisso!
O profeta Jeremias viveu numa época de muita insegurança espiritual do povo de Israel. Ele viu conspirações palacianas, viu reis assumirem o trono e também viu reis morrerem. Mas em todo o tempo, lá estava Jeremias, chamando a atenção de seus compatriotas para se voltarem a Deus. De tanto falar a verdade e de tanto essa mesma verdade incomodar os líderes judaicos, ele foi acusado de conspiração. Ameaçado de morte, ele foi jogado numa cisterna (Jr 38.6). Embora tudo lhe fosse contrário, Jeremias perseverou em ser porta-voz de Deus, advertindo o povo sobre seus comportamentos e continuou exercendo seu ministério com honestidade e integridade.
“Mas o Senhor me disse: a todos a quem eu te enviar irás”... (Jr 1.7). Perceba que nas palavras de Deus ao jovem profeta, ficou claro que era Deus quem iria dar o direcionamento da mensagem. Ou seja, Jeremias, iria aonde Deus queria que ele fosse. Não era Jeremias quem iria selecionar os ouvintes da mensagem divina, não era Jeremias quem iria colocar filtros na mensagem a ser anunciada. Resumindo, o critério não era do coração do profeta, mas unicamente de Deus que faria as escolhas e o profeta seria apenas o porta-voz. Veja que cenários diferentes, mas situações muito semelhantes aconteceram com outros personagens. Certa feita o apóstolo Paulo desejou em sua mente ir para a região da Galácia pregar o evangelho, mas acabou direcionado pelo Espírito Santo a ir para uma região totalmente distinta (At 16.6-10). A mesma coisa aconteceu com o profeta Jonas, que não desejou levar a mensagem de Deus aos Ninivitas, inimigos de Israel, mas acabou indo após Deus fazer alguns ajustes (Jn 1). E é justamente pela vontade soberana de Deus que nos dias atuais se vê anunciadores da palavra de salvação nas ruas, nos ônibus, nas praças, em festas de aniversário e até nos velórios. Noutras palavras, o escolhido para ser o porta-voz da mensagem de salvação não determina o seu campo de ação. Reflita nisso!
“e tudo quanto eu te mandar falarás” (Jr 1.7). Deus era a fonte da mensagem que iria colocar as palavras a serem ditas na boca de Jeremias. Ele não iria falar nada que não fosse dado pelo Espírito de Deus. Veja que aqueles profetas eram conhecidos como ‘bocas de Deus’ e traziam as notícias do céu, notícias essas que nem sempre eram boas, pois muitas das vezes eram de correção. De forma contrária, o que se vê nos dias atuais são pessoas conhecidas por ‘profetas de Deus’ falando o que seus ouvintes querem ouvir, ou seja, são verdadeiros massagistas espirituais, massageando egos e anunciando mensagens distorcidas, falando aquilo que Deus não mandou falar. Noutras palavras, são pessoas interesseiras que ajustam a mensagem à situação dos destinatários. Pasmem!
Noutro lado é importante considerar que no processo da reconciliação do homem com Deus, Jesus disse sim ao chamado de Deus e se tornou o porta-voz da salvação, e mais, Jesus disse sim sem que a humanidade fosse merecedora. Portanto, compreenda que mesmo diante de tantas adversidades e sem ao menos conhecer a pessoa que passa por alguma aflição, o cristão precisa encontrar tempo para estender a mão e dar o devido socorro espiritual, assumindo a função de porta-voz da esperança. Que seja aconselhando, orando, instruindo, direcionando e/ou falando do amor e da misericórdia de Deus. Assim, independente da desordem social, não deixe de ser porta-voz daquilo que verdadeiramente Deus mandou falar. Amém? Abraço grande.
Jesus Cristo Filho de Deus te abençoe e sustente a sua caminhada.
Milton Marques de Oliveira - Pr