TERRORISMO
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou o mal.” (2 Co 5.10)
A segunda carta de Paulo a igreja da cidade de Corinto foi escrita pouco tempo depois da primeira carta, isso em meados do ano 56 DC. Se na primeira carta o apóstolo cuidou de responder algumas questões sobre o casamento, pecados e alimentos consagrados aos ídolos, na segunda carta ele respondeu às acusações que lhe foram feitas. Ou seja, nessa segunda carta, tem-se as lutas espirituais, as aflições, as angústias e ainda assim, Paulo abordou temas importantes da fé cristã como a nova aliança (2 Co 3.6), o poder de Deus na vida do crente (2 Co 4.7), a reconciliação (2 Co 5.19) e a santificação (2 Co 6.16).
Ambientando o texto, Paulo trata do tribunal de Cristo, quando todos homens deverão estar presentes, ocasião que o próprio Cristo dará o seu veredicto sobre as obras dos homens, sejam elas boas ou não (2 Co 5.10-12).
Perceba que as pessoas se preparam para todos os seus compromissos com antecedência. Se vai numa festa, ela escolhe as roupas, os sapatos e faz tudo isso bem antes do horário para dar tudo certo. Caso deixe para as últimas horas há o risco de algo dar errado e o compromisso virar uma tragédia. Veja no que no mundo dos negócios, os gestores estão planejando para os próximos 10 anos ou 15 anos. As políticas públicas trabalham com períodos futuros de até 20 anos. Homens e mulheres fazem planos para suas aposentadorias, ou seja, todos estão se planejando. Reflita!
A cidade de Corinto ficava às margens do Mar Mediterrâneo, do seu porto chegava e saía gente de todo lugar. Sua sociedade recebia muitas influências culturais, tinha todo tipo de idolatria com deuses vindos de toda parte. O apóstolo Paulo estabeleceu a igreja em Corinto e tinha preocupação com o futuro espiritual daqueles irmãos e temas centrais do cristianismo como a ressureição de Jesus e a vida eterna precisavam ser colocados e discutidos nas reuniões. Ou seja, a igreja de Corinto precisava colocar os olhos espirituais no futuro, pois todos deveriam estar preparados para se apresentarem diante do Tribunal de Jesus (2 Co 5.10). Noutras palavras, assim, como na vida secular existe o planejamento para compromissos futuros, a igreja de Corinto estava sendo alertada para se preparar para o encontro que teriam com Jesus.
“Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a Deus; e espero que nas vossas consciências sejamos também manifestos.” (2 Co 5.11). Cuidando dos preparativos para este encontro, Paulo afirma que a primeira coisa que eles deveriam ter era o temor de Deus. Não havia necessidade de ter medo de Deus, mas temor. E este temor se fundamentava na reverência, numa vida correta, íntegra, consciência limpa, uma vida sem culpa. Que eles deveriam caminhar de cabeça erguida sabendo que Cristo era o direcionador da vida de todos eles. Aliás, o próprio Paulo se apresentava diante deles anunciando Jesus com temor. Interessante que todos conheciam o caráter de Paulo, sabiam de seu passado farisaico e da religiosidade que o levou a se tornar opositor de Deus, mas convertido, sua vida se transformou de tal modo que ele era uma carta viva por onde passava. Ou seja, Paulo exalava o bom perfume do evangelho, não por aparência, mas por meio do temor a Deus. Guarde isso!
Voltando um pouco, saiba que tanto o rei Davi como seu filho Salomão já alertavam que Deus fará julgamento das nossas obras, sejam elas boas ou más (Sl 9.7-8; Ec 12.13-14). E nesse tribunal de Jesus todos homens se farão presentes, ninguém estará dispensado. Nesse sentido, cabe refletir sobre o quanto as pessoas estão ou não preparadas para este encontro. Nesse sentido, compreenda que não se pode levar a vida espiritual sem pensar no dia de amanhã. Hoje, mais que nunca é necessário mais crítica quanto às escolhas e decisões que estão sendo feitas, para quando chegar o momento, não ser surpreendido com a sentença dada por Jesus.
Entenda bem que por aí se anuncia um Deus irado, rancoroso e que frequentemente coloca um pacote de maldades na vida de muita gente. Anunciam um Deus que mete medo nas pessoas, um Deus inacessível que funciona à base de trocas e barganhas. Compreenda que isso é terrorismo barato. Hoje, infelizmente, o que se anuncia em muitas reuniões é a prática de fazer as pessoas terem medo de Deus. Todavia, medo é muito diferente de temor. O temor a Deus leva as pessoas a terem uma vida diferenciada por meio das renúncias ao mundanismo, a buscarem pelo caráter cristão, a terem uma vida voltada unicamente para glorificar o seu santo nome (1 Pe 1.15-16).
Finalmente considere que todas as ações e todas intenções humanas, vão ecoar na eternidade. E todos vão receber o que fez por merecer, nada mais e nada menos. É a aplicação da reta justiça de Deus, simples e funcional, sem terrorismo. Portanto, se prepare espiritualmente. Viva a vida física com temor de olho no seu futuro espiritual, amém? Abraço grande
Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe.
Milton Marques de Oliveira - Pr