Segunda, 11 Maio 2020 10:25

IMPREVISTOS

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IMPREVISTO

“E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!”  (Lc 15.17)

Lucas é o autor deste evangelho e também do livro de Atos dos Apóstolos. Consta que ele tinha por formação a medicina, era amigo de Paulo e participou das viagens missionárias acompanhando e registrando muitas situações. Junto com Mateus e Marcos, o evangelho de Lucas faz parte dos evangelhos sinóticos, dada as narrativas terem muitas semelhanças entre si, com poucas variações de um para outro.

A parábola do filho pródigo é certamente a mais conhecida das parábolas pronunciadas por Cristo, todavia, ela foi registrada somente por Lucas. Neste ensinamento de Jesus consta que um rapaz, desejoso de receber sua herança, pediu ao pai que lhe antecipasse sua parte. De posse do que recebera, saiu para outra cidade onde lá permaneceu, arrumou novos amigos, viveu alegremente e gastou todo o seu dinheiro. Sem recursos, tentou trabalho numa fazenda de porcos, o que na cultura judaica era o fim do poço da depravação, tal o entendimento do porco como o mais imundo dos animais. Foi justamente ali, numa fazenda de porcos que  ele tomou a decisão de voltar à casa de seu pai. De forma bem resumida, este é o contexto (Lc 15.11-32).

Segundo o Conselho Nacional de Diretores Lojistas (CNDL), o ano de 2020 começou com mais de 61 milhões de pessoas endividadas. As dívidas se resumem a compras de todos os tipos de mercadorias e produtos, desde aqueles essenciais como remédios e alimentos á aqueles supérfluos, como bugigangas e outras quinquilharias sem serventia. Pessoas endividadas estão praticamente em todas as cidades. É uma triste realidade.

Muito diferente de outras parábolas, a narrativa de Lucas deixa claro que o alvo dessa parábola de Jesus não é os fariseus, mas os publicanos e pecadores que se reuniram para ouvir algo do Mestre (Lc 15.1).  É visível que o pai sabia da intenção de seu filho em sair de casa e não fez nada para impedir. Atendeu o filho sem questionar sua vontade, aliás, perceba que a herança somente deveria ser dada após a morte do pai. Ao fazer o pedido antecipado, o filho mais novo estava dizendo noutras palavras que desejava que o pai estivesse morto. Mas na narrativa de Lucas nem isso abalou o velho patriarca.

Compreenda bem que para fazer frente a tantas pessoas que estão longe de suas casas, o Estado criou diversas políticas públicas que procuram não só entender os motivos de quem sai de casa, como também dar alimentação, pernoite e até mesmo providências no sentido dessas pessoas voltarem para junto de seus familiares. Existem organizações privadas que atuam de forma voluntária em trabalhos semelhantes, enfim, o que não falta é socorro e atendimento a essas centenas de milhares de pessoas que vivem longe de suas famílias.

Atente que para aquele jovem, ao findar seu dinheiro, ele ainda teve a ajuda de terceiros que conseguiram lhe dar um emprego, e embora não fosse um trabalho digno para um judeu, era uma ajuda real e certa, todavia, enfrentando a fome que atingiu aquela região, ele resolveu de forma unilateral, sem nenhuma ajuda externa, voltar para a casa de seu pai e assim ele fez.

Veja que esta parábola é bastante utilizada para ilustrar duas grandes verdades: primeira o grande amor de Deus, representado pela figura do pai e a segunda verdade, os perigos de uma vida errante afastada dos caminhos de Deus. Muito embora essa parábola tenha sido escrita no século I, subjacente a essas duas verdades, ela apresenta uma realidade que hoje tem preenchido a vida de muita gente: a falta de conhecimento em lidar com o dinheiro. Reflita!

Saiba que a herança era certa e um direito do rapaz, todavia, este filho não suportou a espera. Se ele não aguentou esperar a partilha, hoje acontece a mesma coisa nas compras guiadas pela emoção. Muitos não suportam o tempo de espera ou de capitalização e entram de cara no mundo do imediatismo. Querem tudo para ontem e as compras parceladas de tudo o que não se precisa é a principal porta do endividamento para centenas de milhões de pessoas. Guarde isso: quem é capaz de fazer parcelamento, é capaz também de juntar dinheiro para compras à vista. Faça as contas!

“...e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.” (Lc 15.13). Não se sabe o que ele comprou nem como gastou, mas a narrativa está clara: gastou seus recursos de forma irresponsável! Hoje se percebe muito desperdício de recursos financeiros por pessoas que não sabem como lidar com suas receitas. Evidente que existem ótimas dívidas como a aquisição da casa própria, os cuidados com a saúde e investimento em educação da família, mas existem também as péssimas dívidas, como aquela compra da TV do tamanho da parede da sala e que rapidamente fica obsoleta pelas novas tecnologias. Reflita novamente!

Finalmente o rapaz viu que tinha gastado tudo, não poupou nada e a fome se fez presente naquelas terras, ou seja: ele foi surpreendido! O que ele não previu aconteceu e ele não estava preparado (Ec 9.11). Voltar para casa e ser aceito pelo mesmo pai que outrora ele desejou que morresse era a única solução. Veja bem que existem outros, mas três ensinamentos são postos aqui: o amor de Deus como Pai pelas pessoas é incondicional e independe do seu passado, basta o arrependimento genuíno e a mudança de mentalidade. O segundo é aprender a ter paciência e esperar o tempo certo das coisas, terceiro e último, seja ótimo gestor de seus recursos, lembre-se que imprevistos não avisam quando chegam. Estamos combinados?

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 1165 vezes Última modificação em Domingo, 17 Maio 2020 11:09
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