Segunda, 06 Março 2023 12:54

GENEROSIDADE

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GENEROSIDADE

“Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu.” (Ne 1.4)

O livro de Neemias foi escrito pelo autor de mesmo nome e faz parte dos livros históricos sobre o povo Israelita. Sabe-se que Neemias estava servindo como copeiro do rei da Pérsia, e de lá, ele saiu com destino a Judá, mais precisamente à cidade de Jerusalém, com o objetivo de reconstruir os muros que protegiam a cidade, destruídos por ocasião do ataque Babilônico (2 Rs 25.1-7).

O contexto da passagem acima mostra que um grupo de judeus noticiou a Neemias sobre as deploráveis condições de seus compatriotas que ficaram em Jerusalém estavam vivenciando. Condoído com a noticia, Neemias adotou medidas para socorrê-los e dar suporte físico, emocional e espiritual (Ne 2).

Compreender a realidade de outrem, entender como se processa vida de uma outra pessoa tem sido o desafio para muita gente. Gestores públicos gastam tempo e recursos elaborando políticas públicas visando minimizar problemas que afetam muita gente. Entidades religiosas, órgãos não governamentais e uma infinidade de instituições lutam para mitigar situações que atingem grupos em condições de vulnerabilidade, e essas ações ora são sucesso e ora são um tremendo fracasso. Com frequência se vê casos de familiares em tratamento oncológico onde os membros da família raspam o cabelo em solidariedade com àquele que está enfermo. Enfim, não basta ter empatia e nem ter boas intenções, é preciso ação, é necessário se movimentar. Pense nisso!

Parte do povo de Israel estava sofrendo na Babilônia as consequências físicas da idolatria e da desobediência contra Deus, e mesmo aqueles que ficaram na cidade de Jerusalém não foram isentos dos efeitos catastróficos do afastamento de Deus (Jr 52.15-16).  Aqueles que ficaram em Jerusalém também padeciam as agruras de viverem numa cidade desprotegida, com as muralhas destruídas e levando uma vida medíocre e miserável (Ne 1.3).

Noutro lado, considere que Neemias estava confortável dentro do palácio na Babilônia, tinha lá suas atribuições, servia a bebida do rei Persa e pode-se imaginar que suas atenções estavam voltadas somente para si e sua família, se é que tinha uma. Todavia, ao receber a notícia que seus irmãos judeus passavam por dificuldades, ele se identificou com eles, teve dentro de si a empatia, ou seja, solidarizou-se com aqueles que estavam vivendo em grande dificuldade, mesmo dentro de suas terras. Não está escrito, mas pode-se imaginar que Neemias tinha em seu coração o bem-estar de seus compatriotas, tinha em mente a prosperidade de seu povo e para isso ele orou, jejuou e Deus tocou o seu coração (Ne 1.4).

Lembre-se que na narrativa sobre a vida de Jó, ele foi consolado por três amigos que acertaram quando foram movidos por atos de extrema empatia: “Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande” (Jó 2.13). Percebe-se de início que mesmo sem dizer uma só palavra por sete dias, os três amigos se identificaram com a dor alheia e se associaram com o pranto do amigo, muito embora ao final do livro eles tenham se mostrado como acusadores em seus argumentos em desfavor de Jó. Mas inicialmente, eles se condoeram com a situação de Jó e demonstraram empatia.

Veja nos dias atuais que a empatia ou o ato de solidarizar-se com o problema alheio tem se tornado raro e quando acontece, o ato em si tem se transformado em matéria de marketing e propaganda, infelizmente. Talvez pela ausência de sensibilidade que enche tantos corações mundo afora, mas sentir a dor do outro, se colocar no lugar de quem passa por uma crise e propor soluções pode fazer a diferença para quem vive uma realidade momentânea ruim. Vive-se por estes dias que o mal, os atos de violência, a segregação e diversas outras situações são tão corriqueiras, que as pessoas estão se habituando a tudo isso e, familiarizadas com a desgraça alheia, ninguém se propõe a ajudar, pois infelizmente as pessoas estão sendo vistas e tratadas como coisas. Reflita sobre isso!

Mas Neemias não somente se identificou com a mediocridade de vida de quem estava em Jerusalém como se movimentou para atenuar a miséria deles. Falou com o rei e de forma incrível, o mesmo rei que era um pagão e estranho ao povo de Israel, foi tocado pelo Espírito Santo de Deus e adotou providências para que os recursos e a logística fossem doados na reedificação dos muros da cidade (Ne 2.8). Noutras palavras, empatia sincera sem o cunho de se autopromover tem poder para impactar pessoas ao redor, é como se fosse um rastilho de pólvora. Nesse sentido compreenda a importância de sair do campo das intenções e se movimentar, executando medidas para diminuir o sofrimento alheio, isso é generosidade. Hoje pode ser que você tenha generosidade com o outro e amanhã, ele terá com você! Um grande  abraço.

Jesus Cristo Filho de Deus continue abençoando sua vida, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

 

 

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