ARREPENDEI-VOS
“Todavia, ainda agora diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração.." Joel 2.12a
O profeta Joel atuou como mensageiro de Deus em Judá, entre os séculos 8 e 9AC, provavelmente nos idos de 835AC, período que antecedeu ao exílio do povo de Israel. Foi contemporâneo de Eliseu e de Obadias, e consta que era agricultor, entretanto, tinha um estilo literário de poeta. Conforme os estudiosos, naquela época houve mesmo uma seca que assolou a região, e grandes pragas de gafanhotos devastaram as lavouras, silos de cereais e até mesmo as roupas das pessoas. Se a seca trouxe prejuízos, os gafanhotos acabaram com a pouca esperança que restava e para agravar a situação, Judá era uma nação que dependia unicamente da agricultura e da criação de animais como fonte de renda. Isso, por si, já explica o assombro que a seca e os gafanhotos causaram, portanto, este era o cenário de seu livro.
Tem-se que após os ataques dos gafanhotos, o profeta chama a atenção dos moradores para conscientizá-los de novo a uma vida consagrada a Deus. Na mensagem de Joel, tanto os ataques dos gafanhotos como sua remoção, são vistas pelo profeta como obra de Deus (Jl 2.11;19), para logo em seguida chamar a atenção para um arrependimento genuíno, originado no coração e não um arrependimento superficial e exteriorizado por práticas ritualísticas (Jl 2.13).
Perceba que é Deus, o autor e tomador da decisão para julgar, mas acima de tudo, é ELE quem chama o pecador para si (Jo 16.7-8). É Deus quem oferta a transformação e é Deus quem pronuncia a vitória sobre o pecado. Hoje, pode-se ver que a história do povo de Israel, é repleta de altos e baixos momentos espirituais, todavia, como se tratava de uma nação eleita e vocacionada, Deus em nenhum momento manifestou em retirar essa vocação, ou seja, a eleição de Israel era sem arrependimento da parte de Deus (Rm 11.29).
Não é nenhuma mentira afirmar que o mundo de hoje vive uma grande desorganização, desde o seio familiar que se encontra totalmente desestruturado, até grandes empresas envolvidas em fraudes, roubos e desvios. Isso sem citar os governos que são capas de jornais e revistas noticiando a roubalheira estatal. No campo espiritual, parece que as estratégias de Satanás caminham de vento em popa, isto é, o pecado caminha a passos largos e o verdadeiro culto e adoração a Deus vai perdendo espaço.
A mensagem do profeta aos seus compatriotas era clara: “rasgai o vosso coração e não as vossas vestes..” (Jl 2.13). Era uma nítida mensagem para uma mudança e transformação interna, do coração e não uma mudança exterior. Entenda que rasgar as vestes era um típico procedimento da cultura judaica que indicava grande pesar, tristeza ou angústia. Era, portanto, um sacrifício exterior, mais voltado a dar mostras publicitárias do que efetivamente mostrar um coração contrito e quebrantado.
Para o profeta este procedimento de rasgar as roupas era desnecessário e de nada valia aos olhos de Deus. Perceba que o rei Davi, por meio de salmos ensina profundamente que o verdadeiro quebrantamento é um coração contrito “o sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).
Hoje o que se observa é a passividade das pessoas em se arrependerem verdadeiramente a Deus. De nada vale os rituais, frequência na igreja e a liturgia se o coração está longe de Deus. De nada vale a assiduidade à igreja e muito menos valerá os louvores, os aplausos e o frenesi se o coração estiver longe e afastado de Deus.
Compreenda que as pessoas saem das igrejas felizes, cumprimentam-se uns aos outros, abraçam e são abraçados sob a regência de alguém que no púlpito nada falou sobre pecado, sobre arrependimento e nem sequer tocou no tema de onde passarão a eternidade. Tudo isso não produz nenhuma transformação e até mesmo contraria o que diz o apóstolo Paulo, pois as coisas velhas continuam ocupando o mesmo espaço no coração.
Entenda que festas e atividades são alegrias passageiras, momentâneas e com raras exceções, buscam apenas elevar o nome das denominações e do pregador. Isso não produz mudanças! O profeta Joel conclamava seus compatriotas a um arrependimento genuíno. Se hoje não temos profetas com o mesmo empenho, ao menos temos os registros históricos que mostram que ante toda aquela permissividade espiritual, Deus ainda teve misericórdia e restituiu o que foi perdido ( Jl 2.25).
Compreenda a necessidade de Deus ocupar um espaço em nosso viver. Hoje as tecnologias é que ocupam este espaço. Amamos as novas tecnologias, os smartfones, os tablets, os prédios das igrejas e cada vez mais as pessoas buscam mais prestígio e poder social. Mas existe uma esperança: a compaixão de Deus ainda permanece (Mt 9.36). Amém?
Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!
Milton Marques de Oliveira