Quarta, 30 Agosto 2017 13:16

COMPAIXÃO

Escrito por
Avalie este item
(5 votos)

COMPAIXÃO

“Quando o rei de Israel os viu, disse a Eliseu: Feri-los-ei, feri-los-ei, meu pai?” (2 Rs 6.21)

 

Outrora os dois livros de Reis eram um só volume. Todavia, ele foi dividido pelos setenta e dois eruditos que fizeram a tradução do Antigo Testamento em hebraico para a língua grega, tradução essa que ganhou o nome de septuaginta. Neste segundo livro, tem-se a apresentação do ministério do profeta Eliseu, a tragédia da queda e destruição de Israel, a tomada da cidade de Jerusalém e a queda do reino de Judá (2 Rs 17.6-44; 24.10-16).

No contexto das muitas batalhas citadas no AT, Jeroão então rei de Israel, estava em guerra contra o exército da Síria e embora este último usasse de táticas militares para destruir Israel, seus planos não eram bem sucedidos, pois Deus avisava o profeta Eliseu que por sua vez repassava as informações ao rei de Israel. Numa dessas investidas, a tropa síria foi apanhada e conduzida para a cidade de Samaria, capital de Israel e colocada diante do rei Jeroão, que rapidamente pensou em exterminar o inimigo, pronunciando a frase do versículo acima (2 Rs 6.18-23).

Perceba na atualidade que a sociedade passa por forte crise, não só a econômica, mas principalmente a de segurança pública. As pessoas discordam, discutem e não combinam entre si por diversos fatores e o resultado dessas desavenças, é que vez por outra chegam ao extremo da intolerância. “Olho por olho e dente por dente”, é um ditado popular que traz a noção popular de fazer justiça e vingança na mesma proporção da ofensa. Veja que na visão do rei Jeroão, todos os soldados sírios deveriam ser mortos, pois eles não teriam vindo com outra finalidade senão a de matar e destruir. Perante toda aquela situação, o profeta Eliseu, assumiu o comando e deu uma ordem totalmente contrária, ou seja, os soldados sírios deveriam ser alimentados e liberados. Esta decisão do profeta foi primordial para estabelecer a paz entre as duas nações que estavam em guerra (2 Rs 6.23). Reflita isso!

Ainda que no ambiente de guerras, lutas e batalhas tão bem descrito na história dos reinos de Israel e Judá, perceba que o conceito de amar as pessoas e de promover a paz, retribuindo as ofensas demonstrando compaixão e bondade era uma grande novidade, aliás, era a exceção da regra. Ninguém teria adotado a coragem de alimentar e liberar os soldados inimigos. Atente que nos dias atuais as ofensas são respondidas com outras ofensas, quase sempre em doses muito maiores e isso gera outros atos violentos que vão se repetindo, criando um círculo vicioso. Isso é o que acontece diariamente em todos os lugares. Perceba isso!

O profeta Eliseu inovou ao fazer diferente! Aqueles soldados sírios tinham em mente destruir o povo de Israel, certamente que eles planejavam não deixar nenhum homem, nenhuma mulher e nenhuma criança viva e mesmo aqueles que por ventura escapassem, seriam levados como escravos para a Síria. Seriam escravizados por tempo indeterminado ou até que morressem. Essa era a regra do jogo, era um ambiente de guerra, era o procedimento que deveria ser feito e o profeta Eliseu foi a exceção num ambiente caótico, permeado pela violência, pelas prisões, pelas mortes e pelas vinganças. Entenda que o profeta pregou e executou a paz, atuando na contramão e fez história com sua coragem.

Séculos depois, nos momentos em que Cristo foi preso e estava na iminência de ser crucificado, o discípulo Pedro sacou de uma espada e cortou a orelha de Malcom, servo do sumo sacerdote. Imediatamente Jesus realizou o milagre de pregar a orelha daquele que o prendia, ou seja, a ofensa foi retribuída, não com outra ofensa, mas com grande dose de amor e compaixão por meio do milagre da restauração (Jo 18.10-11; Lc 22.51).

Perceba que as pessoas reclamam por justiça, reclamam pela retribuição das ofensas na mesma proporção ou até desejam mais que isso, mas raras aquelas pessoas que em vez de gritar por vingança, buscam pela paz e pregam a compaixão. Raros os que retribuem as ofensas com atos de bondade. Veja que mesmo no meio cristão onde se prega a prática do amor, manifestar a paz aos ofensores não é visto com frequência. Reflita isso!

Neste episódio, após os soldados inimigos serem alimentados num grande banquete, eles foram despedidos e entregues à sua nação. O rei sírio reconheceu aquele ato de extrema bondade e entre as duas nações reinou a paz. Compreenda que se fosse adotada a ideia do rei Jeroão de matar os inimigos, certamente que as mortes e a destruição das famílias dos dois lados seriam ampliadas, assim como ocorre hoje nos conflitos pessoais. Lembre-se que um abismo chama outro abismo (Sl 47.9).

Muitas das vezes, as pessoas possuem a oportunidade de encerrar um conflito aplicando o amor, a misericórdia e utilizando conceitos nobres como compaixão, comunhão e valor á vida, mas não fazem nada. Infelizmente, a postura do profeta Eliseu não impediu que o povo de Israel aprendesse a lição, pois épocas depois, sob o governo de outros reis a nação judaica envolveu-se em outras guerras, matando e vendo seus filhos morrendo da mesma forma. Entenda, por meio deste episódio, a importância de praticar a bondade e a compaixão, buscando e seguindo a paz. Creia nisso.

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

 

Milton Marques de Oliveira - Pr

Ler 1635 vezes Última modificação em Sábado, 02 Setembro 2017 06:54
Mais nesta categoria: « CONVICÇÃO FÉ GENUÍNA »

PUBLICIDADE