Ministério Ouvindo o Clamor das Nações

ANTES E DEPOIS

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim,” (Gl 2.20)

A carta aos Gálatas faz parte do conjunto de escritos do apóstolo Paulo que os estudiosos denominam de ‘Cartas Paulinas’. Essa carta foi endereçada a um grupo de igrejas que ficava geograficamente numa região conhecida pelo nome de Galácia. Paulo havia visitado a região da Galácia em duas ocasiões distintas, a primeira quando passou pelas cidades de  Icônio e Listra e na segunda, quando esteve na cidade de Frígia (At 15.51; At 18.23). Um detalhe interessante na segunda viagem, foi a intervenção do Espírito Santo que os conduziu para a Macedônia, não permitindo que ele voltasse à Galácia (At 16.6).

Gálatas retrata com muita riqueza que a salvação vem por meio da graça de Deus e não por meio de rituais e/ou obras, conforme aqueles irmãos estavam sendo ensinados (Gl 1.6). Era necessário incutir na mente dos membros daquela comunidade que, convertidos à fé em Jesus, eles tinham uma nova vida espiritual pela frente, não pelo mérito, mas simplesmente pela fé em Cristo.

O calendário no mundo ocidental tem como marco divisor o nascimento de Jesus. Assim, usa-se as letras AC para identificar  o mundo antes do nascimento de Cristo e DC para depois de Jesus Cristo. Antes de Cristo, o tempo é contado de forma decrescente e após Cristo, conta-se o tempo de forma crescente. Uma maneira de colocar ordem no calendário.

Considere que em diversas ocasiões, a vida de muitas pessoas podem ser observadas por um marco divisor. Para o jovem, o marco divisor é quando ele sai da fase da adolescência e entra na fase de adulto, com mais responsabilidade e obrigações. O solteiro ao casar, assume uma nova vida, agora de homem ou mulher compromissado com a família. O estudante ao receber o seu diploma, troca a fase de aluno e aprendiz para o lado da capacitação e profissionalismo. Enfim, as trocas de fases são parte de vida de todos, o que muda são as circunstâncias.

Compreenda que visível ou não a vida em sociedade caminha para a sua própria destruição. Valores e princípios morais estão sendo perdidos dentro das famílias, nas empresas, na política, no governo, no comércio e noutros ambientes. Existem exceções, mas até mesmo nas casas do judiciário onde se faz cumprir as normas e regras que regem a vida em sociedade, se ouve notícias de atos de desonestidade. Portanto, paulatinamente, o mundo anda a passos largos para um problema de difícil solução.

Considere que sair da realidade onde as práticas do mal estão concentradas para um mundo onde se predomina o equilíbrio das ações, a sensatez e a concórdia entre as pessoas é um grande e corajoso passo de  mudança. Trazendo isso para as pessoas crentes em Jesus, que aceitaram as palavras de Deus como verdade em suas vidas, pode-se da mesma maneira entender que o processo de transformação em sua vida tem um marco divisor e este marco atende pelo nome de Jesus Cristo. Nesse sentido, antes de conhecer Jesus, essas pessoas levavam uma ‘vida loka’, cheia de problemas e fazendo tudo aquilo que desagradava a Deus, mas depois de conhecer Cristo, sua vida mudou quando abandonou as práticas erradas para trás. As relações familiares estão em paz, a vida pessoal em equilíbrio e até as finanças melhoraram substancialmente devido não mais estar preso aos vícios. Enfim, para estes, de forma comparativa, pode-se usar o mesmo termo que se utiliza para identificar o calendário: AC e DC.

E espiritualmente depois de Cristo (DC), essas novas criaturas passam a ter suas existências conforme o governo do Espírito Santo e não mais segundo seus desejos e vontades. Hoje, vivendo em novidade de vida elas realizam suas atividades com o pensamento em Cristo, de forma que suas ações exaltam e dignificam o nome de Deus por meio de suas atitudes e posturas. Suas motivações espirituais elevam o nome de Cristo e em razão disso uma nova pessoa, regenerada, passa a ser vista e reconhecida por todos. Sem dúvidas, antes de Cristo, era de um jeito, mas em Cristo, está de outra forma. Reflita!

“Senhor, a muitos ouvi acerca desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém” (At. 9.13). Essas foram as palavras de Ananias antes de saber que Paulo tinha sido encontrado por Cristo. Deus o chamou para orar por Paulo, então um recém convertido, mas Ananias tinha razão em seu receio, afinal, ele enxergava o Paulo AC e realmente Paulo apresentava um péssimo histórico de vida, um currículo muito ruim. O seu passado era terrível, seu coração transbordava maldade, mas depois da oração de Ananias, Paulo, pode ser visto como um homem que exalava o bom perfume de Cristo em muitas passagens, inclusive quando descreveu o conceito de amor na carta aos coríntios (1 Co 13.1-8). Paulo viveu duas fases: AC e DC.

Traga isso para os dias atuais. Antes de Cristo, muita gente vivia nas práticas do erro, impactando negativamente muitas vidas, todavia, depois de conhecerem Cristo, a vida mudou e o impacto foi positivo, pois se tornaram pessoas abençoadas e abençoadoras. Percebes a diferença? Um forte abraço

Jesus Cristo Filho de Deus os abençoe, sempre!

Milton Marques de Oliveira - Pr

OMISSÃO

“levantou-se outra geração que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel." (Jz 2.10).

Cronologicamente o livro de Juízes retrata a vida do povo de Israel logo após a morte de Josué, quando eles já estavam inseridos nas terras de Canaã e todos já tinham recebido suas possessões. O agravante era que sem a figura de Josué e diante de povos que já habitavam aquele território, a vida se complicou pela ausência de uma liderança que conduzisse as ações do povo. “Naqueles dias não havia rei em Israel, cada um fazia o que queria” (Jz 21.25). Essa é a  frase que resume a situação do povo que tivera Moisés e Josué como líderes e agora se enxergavam sem ninguém a se espelhar.

Na vida cotidiana algumas pessoas estabelecem horários para suas tarefas e ao findar do dia, afirmam que o tempo não foi o suficiente para cuidar das atividades que ela mesma se propusera a realizar. O resultado é que algumas coisas foram feitas e outras ficaram para trás, assim é fácil perceber que as pessoas executam muitas atividades e nem sempre essas pessoas são eficazes e/ou eficientes nas tarefas diárias. Isso acontece porque certas atividades são priorizadas pelo grau de importância em detrimento de outras e nesse sentido, algumas tarefas ficam para depois ou para nunca mais.

A narrativa mostra que o povo Israelita já estava consolidado em Canaã, mas na hora de desfrutar das terras da promessa em toda sua plenitude, plantando e colhendo, surgiu um problema: aquela geração desconhecia o Deus de seus antepassados e diante desse desconhecimento, reinava a instabilidade espiritual. Eles viviam um ciclo espiritual muito bem definido e marcado pela desobediência a Deus, seguido de crise espiritual, consequências físicas e espirituais do pecado, confissão e arrependimento das ações e fechava o ciclo com a restauração da vida religiosa, mas logo a seguir eles retornavam novamente à prática dos pecados da desobediência, da idolatria e o consequente afastamento de Deus. Era nítido a diferença entre a geração antiga, dos pais e a geração atual, dos filhos e netos, a primeira caracterizada por servir ao Senhor todos os dias de Josué e a outra por fazerem o que era mau aos olhos do Senhor. Ou seja, Deus era o mesmo, mas o comportamento das gerações eram antagônicos (Jz 2.7-11). Era evidente que a geração mais velha nada transmitiu à geração mais nova sobre os feitos e as obras de Deus. A geração antiga foi omissa, não conseguiu fazer uma transição espiritual e o resultado ficou evidenciado pela bagunça espiritual e por cada um fazer o que lhe dava na cabeça. Pasmem!

“Remir o tempo, pois os dias são maus” (Ef 5.16) Nas palavras de Paulo, o versículo diz para usar o tempo presente com sabedoria e discernimento em atos realmente importantes e na vida cristã a variável “tempo” tem que ser vista como oportunidade de fazer algo de útil no e para o reino de Deus. A bem da verdade, hoje as pessoas se ocupam com múltiplas tarefas no mundo secular, enquanto as atividades do reino de Deus ficam para trás. Disso pode-se entender sobre a importância de não deixar passar em branco as inúmeras oportunidades de homens e mulheres serem ferramentas eficazes e eficientes no reino de Deus. Lembre-se que ficou evidenciado que a geração antiga do povo israelita não se preocupou em transmitir e dar conhecimento aos mais novos sobre quem foi o Deus que os levou até aquelas terras. Ou seja, eles não vislumbraram a oportunidade de ensinar aos mais novos sobre o Deus a quem eles serviram.

Fala-se muito nos dias atuais sobre missões e ela é importante sim. Existem por aí inúmeras instituições formando jovens e adultos para essa nobre e importante tarefa de levar o evangelho da salvação, do amor de Deus e da libertação às pessoas em seus mais diferentes ambientes. Hoje, quando se fala em missão, os lugares mais cogitados são os países africanos, os lugares inóspitos e distantes, como se eles fossem a mais clara definição objetiva da missão cristã e isso pode não ser uma premissa, para arrepio de muitos. Nada contra, até por que os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas deixaram claro as palavras de Jesus para que o evangelho fosse levado ao mundo todo e isso deve ser feito (Mt 28.19-20: Mc 16.15; Lc 24.47-48).

Jesus disse que voltará e isso é tema central das escrituras (Jo 14.1-6). Mas enquanto isso não se realiza, o evangelho que se vive hoje vai chegar aos filhos e netos, vai chegar à próxima geração ou vai acabar por aqui mesmo? E caso chegue, será um evangelho puro, verdadeiro, sem mistura ou será um evangelho relativizado? Reflita!

A narrativa de Juízes mostra que aquela geração antiga do povo israelita morreu e não comunicou aos mais novos o Deus em quem eles acreditavam e o resultado foi pavoroso, senão assustador (Jz 2.19). Hoje, mais que nunca, a missão continua em transmitir e fazer Jesus ser conhecido a todos, inclusive no meio familiar. Filhos e os filhos deles precisam ser ensinados a conhecerem as verdades eternas e isso é responsabilidade familiar, é missão familiar (Sl 78.3-4). Afinal se isso não for feito, amanhã acontecerá de existir uma geração filhos de cristãos que não conhecerão o Deus de seus pais. Lembre-se que nada gera mais dúvidas no coração dos mais novos do que a incoerência dos que conhecendo Deus, não assumem posição de crentes em Jesus. A missão é universal, mas acima de tudo é familiar, senão vira omissão, entendeu? Um forte abraço

Jesus Cristo Filho de Deus continue abençoando sua vida.

Milton Marques de Oliveira - Pr